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ARTIGOS DE OPINIÃO PUBLICAÇÕES: Perder o sentido da autocrítica
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Respuesta  Mensaje 1 de 2 en el tema 
De: MMMarinho  (Mensaje original) Enviado: 02/05/2013 12:39

Edificámos uma sociedade que nos permite usufruir de mais benefícios e comodidades do que alguma vez na História. Infelizmente, quanto mais temos, mais queremos. E isso, em vez de nos fazer bem, está a esgotar-nos lenta e inexoravelmente.

Por exemplo, hoje, nas sociedades modernas, a maioria das pessoas não enfrenta o dilema da fome. Aliás, não falta comida por aí. Basta entrar num qualquer supermercado e contar a quantidade de secções alimentares ao dispor da nossa gulodice (não da nossa fome!): aqui a pastelaria, ali a charcutaria, ao lado os lacticínios, mais à frente a frutaria, e por aí adiante. Veja-se o engodo: tudo ao nosso alcance num raio de 30 a 40 metros sob um mesmo tecto e onde nunca faltam motivos para se comprar mais e mais. E então atinge-nos o reverso da medalha: gastamos mais dinheiro para comermos mais e desnecessariamente.

O perigo dos excessos
Também bebemos álcool em demasia. Cada vez mais cedo. Uma pesquisa realizada pelo European School Project on Alcohol and Drugs e que abrangeu 18 mil adolescentes, 90% dos jovens com 17 anos de idade ingeriam regularmente bebidas alcoólicas. Aliás, o consumo começa bem cedo na vida e aos 13 anos de idade, 47% dos adolescentes consomem bebidas destiladas, vinho ou cerveja, sendo que muitos (7%) confessaram que já se embriagaram (8).

Mas isto não se passa apenas na alimentação. Não nos satisfazemos facilmente com o equilíbrio. Aborrecemo-nos com as coisas simples e então tornámo-nos consumidores compulsivos. Aceitamos com grande facilidade os desígnios da moda, seguimos sem grande criticismo as palavras de ordem dos formadores de opinião, embriagamo-nos tontamente com as fantasias da imprensa de escndalos e as revistas cor-de-rosa. Tornámo-nos voyeurs incorrigíveis da vida dos famosos, divertimo-nos com os programas de baixo nível das televisões e gastamos inutilmente dinheiro em bugigangas e gadgets patéticos. Perdemos o controlo?

A voragem consumista
A publicidade, que invadiu todos os espaços possíveis da televisão, da rádio, da imprensa e das ruas, passa uma imagem de facilitismo com a oferta de crédito ao consumo e promoções constantes. Ela veicula, na verdade, uma mensagem de sucesso fácil ao alcance de qualquer um, enquanto  deixa no ar a ideia de que felicidade depende simplesmente da beleza, do dinheiro e da fama. Nunca tantas crianças quiseram ser modelos, actores, jogadores famosos como agora! Porquê?


As principais vítimas desta poderosa máquina são, efectivamente, as crianças que se tornam cada vez mais vítimas do “síndrome do ter”. Segundo um recente estudo internacional, 78% dos adolescentes preferem gastar a sua mesada em roupas e acessórios de marca e o restante em lanches e bebidas promovidas pela publicidade intensiva. Mas como nem todos os caprichos podem ser satisfeitos, acontece que os jovens dizem sentir frequentemente sentimentos de tristeza, frustração e revolta quando não conseguem comprar o que desejam.

Um número crescente de crianças vive prisioneira dos seus telemóveis, especialmente utilizados para jogar e para infinitas trocas de mensagens; ouve música no máximo volume nos seus leitores portáteis (algumas chegam a ouvir quatro horas por dia de música directamente nos ouvidos através dos auriculares de MP3, mesmo durante as aulas!!!); está uma a cinco horas por dia em jogos de computador ou em play stations; vê de duas a quatro horas televisão por dia a menos de dois metros do ecrã (especialmente as menores de 5 anos de idade) (9).

Sentido crítico, precisa-se
Em Globalização e Sociedade de Consumo, M. Ackerley escreve que “infelizmente, neste aspecto, instncias básicas, como família e escola, já não exercem tanta influência na construção do novo indivíduo”. Uma outra constatação é observar a geração dos dias de hoje transformar os shoppings centers no seu espaço de lazer, passeando por lojas, parados frente às máquinas de jogos ou consumindo um delicioso hambúrguer com batatas fritas, refrigerante e muito ketchup. Preocupados em serem diferentes na maneira de vestir, falar e se relacionar nem se percebem que ficam cada dia mais iguais.


Podemos dizer que o padrão fast food introduziu um novo modelo não só na alimentação de nossos alunos adolescentes, como em todas as relações sociais (10). Também a socióloga brasileira Valquíria Padilha, que estudou o fenómeno, chegou a conclusões muito preocupantes. Diz ela: “A sociedade contempornea está doente. Homens e mulheres, descontroladamente, são levados a comprar, sem necessidade. Fazem do consumo uma opção de lazer e uma forma de libertação” (11).

Enfim, estamos a perder perigosamente o sentido crítico que devia nortear as nossas escolhas. O perigo maior vem da instabilidade e da fragilidade emocionais que afectam um número crescente de pessoas. Os distúrbios de humor – que incluem os estados depressivos - estão a tornar-se mais frequentes. O cérebro ressente-se torna-se menos ágil e competente para dar o seu melhor.

 

 

 

 

 

 



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Respuesta  Mensaje 2 de 2 en el tema 
De: nhungue Enviado: 02/05/2013 14:16
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