Eles andam por aí. Numa proliferação impensável. É vê-los nas Televisões, no principal aeropago nacional que é o Parlamento, no governo da Nação, nas Camaras Municipais, enfim nos sitios menos ou mais recomendáveis, dando entrevistas, comentando os propósitos e despropósitos dos governantes, aconselhando e desaconselhando políticas favoráveis ou desfavoráveis a quem está no poder,conforme as suas próprias convicções. Alguns apresentam-se com as suas barbas mal cuidadas, dando a impressão de que nem ao Domingo tomam um banho ou tratam delas, com os cuidados necessários para aparecerem perante as camaras de TV. Não sei se os referidos barbudos as deixaram crescer para parecer mais homens, mais respeitáveis ou mais sábios...O que sei é que proliferam por aí, alguns ainda meio imberbes e que mal saídos das fraldas, não se coíbem de opinar sobre a politica, a economia, as relações empresariais com o Estado e com as outras Empresas e com as actividades bancárias, que sem qualquer dúvida tem conduzido Portugal à falência e ao protectorado a que está obrigado. Enfim aí os temos. O paralelismo que se queira efectuar entre os barbudos deste tempo e os barbudos do Século XIX e principio do Século XX, são em absoluto disparatados, pois não existe qualquer comparação entre os homens desses famosos tempos e os homens dos tempos actuais. A Honra, a competencia, a moral, a equidade, a boa governação, os bons exemplos que deram e que transformaram esta Nação num polo civilizacional que deu novos mundos ao mundo, não tem qualquer semelhança com a desonra, a incompetencia a falta de moral, o suborno, a corrupção, que os homens de hoje, sem dúvida descendentes dessa nobre e barbuda gente, nos estão a "oferecer"...Dizia Eça de Queiroz que «Em matéria social, é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do vinho»... Infelizmente não é esse o rótulo que poderemos conceder a tais barbudos...
José de Viseu |