As verdades sobre a vida
que a gente esquece
Roberto Shinyashiki
A vida é a única verdade que existe.
Não existe outro Deus além dela.
Então, permita-se ser dominado pela vida em todas as suas formas, cores e dimensões, por todo o arco-íris e as notas musicais. Aprenda a lidar com isso de uma maneira serena.
A receita é simples: trata-se tão-somente de se entregar. Não apresse o rio,
deixe que ele o leve até o oceano.
Relaxe, não fique tenso e não crie nenhuma divisão entre matéria e espírito. A existência é uma só, matéria e espírito são simplesmente lados da mesma moeda. Descanse e siga com o rio.
Seja um jogador, e não um homem de negócios. Assim você conhecerá muito mais a respeito de Deus, porque o jogador concorda em arriscar.
Ele se permite arriscar tudo na mesa da vida. Não fique sóbrio, os sóbrios permanecem mortos. Embriague-se, beba o vinho da existência.
Ele contém muita poesia, muito amor e muito suco. Você poderá desabrochar a qualquer momento.
A vida é como uma escola.
O que a gente aprende nela tem de ser aplicado para não ser esquecido.
Há alunos que aprendem rapidamente,
tiram o máximo proveito das lições
e conseguem o diploma de sábio.
Outros esquecem os ensinamentos e repetem continuamente situações angustiantes. A vida, como a natureza, tem verdades muito simples que devem ser respeitadas. A maioria delas já conhecemos, às vezes até intuitivamente.
A vida é cíclica
O mundo moderno nos convida à correria e, em função disso, não temos tempo de observar a natureza, nossa grande mestra. Quem olha o mar e percebe as marés, as ondas e os ventos pode verificar como tudo tem seu ciclo.
O dia e a noite, as estações do ano,
o sol e a chuva, a vida e a morte.
O ser humano, com sua sede de poder, procura imobilizar a vida e torná-la certinha, rígida como uma estátua. Mas a vida é dinmica.
Hoje estou bem, amanhã posso não estar. Em certo momento, a vida está tranqüila como um vôo de ultraleve e, no momento seguinte, poderá estar envolta em nuvens de dificuldades.
Mais um pouco, as nuvens vão embora
e a claridade volta a iluminar.
A vida flui como as ondas do mar e,
como um surfista, precisamos aprender a aproveitar suas subidas e descidas, mergulhar e retornar à tona, manter-nos na superfície de acordo com o movimento da água.
Quando resolvemos eliminar de nossas vidas o fluxo das ondas e permanecer apenas como observadores passivos, anulamos nossa força vital.
A rigidez é característica dos cadáveres
e das estátuas. Quando uma pessoa se acomoda, a rigidez torna-se inevitável.
Ela pode fazer barulho, chamar a atenção dos outros, mostrar que seus problemas são dignos de preocupação, mas, no fundo, já morreu e está apenas esperando pelo dia do enterro.
A vida é uma interminável aventura.
É uma nova relação amorosa que aparece, um projeto desafiador, um trabalho inédito, uma viagem inesperada, o nascimento de um filho,
um novo amigo na vizinhança, a morte de um parente, uma notícia ruim na televisão, uma noite solitária...
As ondas intercalam-se entre momentos alegres e tristes, tranqüilos e agitados, soltos e presos, como na natureza.
Quando estamos embaixo da onda, sofremos, sentimos a dor da perda.
Mas o fogo do sofrimento nos purifica e ensinalições que não devemos esquecer.
A força que surge dessa experiência interior nos dá impulso para subir e novamente voltar à superfície e saborear o vento, o sol e a luz.
Algumas pessoas têm dificuldade de viver
na parte superior da onda, sentem medo da alegria e ficam remoendo problemas.
Não aprenderam a celebrar cada acontecimento da vida.
Imaginam que viver é somente sofrer
e desperdiçam as dádivas da existência.
Como surfistas da vida, precisamos ter consciência que as dificuldades acontecerão sempre, mas, se nos deixarmos levar pelo movimento natural
das ondas, os problemas nos encaminharão para as soluções.
Sabedoria é saber surfar nas ondas da vida.