Ouves a música do Natal e sentes que o coração se transforma numa concha de alegrias e lágrimas.
É a luz do passado que te retoma o caminho e, com ela, reencontras Jesus na tela das emoções mais íntimas.
“Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra!...”
Diante de cada nota da inolvidável melodia, tornas ao regaço do lar, pelos prodígios da memória, revendo particularmente os que te amaram, com quem não podes trocar, de imediato, o abraço do carinho aconchegante...
Aqui, neste recanto do pensamento, escutas as orações maternas que te falavam de Deus; ali, reconstituis a imagem de teu pai, apontando-te no firmamento a seara rutilante dos astros; além, regressas ao convívio de professores inesquecíveis que te abençoaram a infncia; e, mais além ainda, contemplas, de novo, afeições diletas que as provas e dificuldades do cotidiano não te arredaram da alma!...
O amor refulge em ponto sempre mais alto, na trilha das horas, e Jesus nos reaparece, a pedir que também nos amemos, a começar daqueles que nos rodeiam.
Não te detenhas!...
Reparte não apenas a mesa farta que te emoldura o júbilo festivo, mas oferece igualmente a ternura que se extravasa do sentimento. Se alguém te feriu, perdoa... E, se feriste a alguém, cobre o gesto impensado com a luz da humildade que te fará recuperar o apreço de teus irmãos.
Divide o agasalho que te sobre, ante as necessidades do corpo; no entanto, esparze a compreensão além dos limites de tuas próprias conveniências e, quanto se faça possível, estende auxílio e coragem aos companheiros caídos nas sombras da perturbação ou da culpa.
Natal é Jesus volvendo a nós, batendo-nos à porta da alma, a fim de que volvamos também a Ele...
Descerremos o coração para que o Senhor nasça na palha singela da nossa esperança de paz e renovação. E, enquanto a vida imortal brilha sobre nós, à feição da estrela divina, dentro da noite inesquecível, seja cada um de nós, de uns para com os outros, no Natal e em todos os dias, a presença do amor e o amparo da bênção.