|
ENVOLTA NA DISTRAçãO Elane Tomich
Envolta na distração perdi a noção do mundo incerto do amor abstrato e, assim como quem não volta da viagem, em envoltório roto, de fim de perdição no fundo do submundo, fiz com a certeza um trato: de não me acordar meias- voltas ou imolaria em ofertório o triste do poço mais fundo, fundindo porões da prisão
Mesmo atenta à distração não gosto de nada partido, nada meio pelo meio ainda que a coisa acabada a nada, nos leve a tanto. Mesmo relativo o feito, que haja a consumação, pra que gemido perdido ainda que à guisa de esteio, não sustente a queixa enfeitada, que nua, é de um só jeito.
Envolta na distração cheguei a tocar na arte não a arte, essa ou aquela, mas na arte geradora que a gente ao achar recria, de um jeito que a gente não pode, mas que acaba em transgressão, de reter um pouco a parte de uma inteireza mais bela. Como se nossa alma Senhora Aurora, parisse o dia num todo aclive em ode.
Envolta na distração esquecida dos clichês, das pobres rimas de efeito, das buscas em dicionários fiz minha sentença mais forte num só verso, absolvida. A forma, não desvendei não. Era livre de porquês, ágios das culpa no peito guardados em confessionários, bolsas de bônus pós-morte, enquanto eu celebro a vida.
|
|