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TEMPO NA JANELA Margarida Reimão
O tempo passou na minha janela, enquanto eu questionava minhas fraquezas e toda esperança foi estrada sem rota. O tempo voltou à minha janela, com reflexos de ouro salpicando teu odor e o vento morno foi poesia de madrugada, quando enfim te alcancei naquela curva da vida. Aquele violão que cantava serenatas na rua mágica, voltou a me encantar junto aos teus olhos de sol, no meu alvorecer outonal. E o tempo voltou! Voltou com suas cantigas e encantos, quando já havia distncia, quase secular, em minha espera. Eu, soberba entre teus braços, plena em meus velhos sonhos, retornei à estação de luz, onde todo encontro é marcado com idêntico murmúrio. Nada se quebrou! O tempo passou e o amor guardado explodiu em meu peito. e, naquele encontro, eu me reencontrei também. O amanhecer transpareceu em minha janela num amor largo, desnudo e soberano, poetizando enluarado nossa história sensata. O tempo nunca mais será curto! Toda silenciosa estrada agora é bela e prende os sóis desse amor renascido, onde cabe, minhas idéias e mistérios. Os essenciais momentos do tempo estão guardados, em nossos beijos tantos, em minha saudade, na sofreguidão pulsante de agora. E da minha janela o tempo continuará a passar. Passará e não faz mal que a chuva caia. Nunca haverá mal diante das sementes de nossas palavras.
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