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Eram beijos de fogo, eram de lavas, e sabiam a sonhos e ambrosias. Como pensar que a boca com que os dava era a mesma afinal com que mentias?
Se eras as mais humilde das escravas em dádivas, anseios, alegrias, - como prever que o amor que me juravas seria mais uma das tuas heresias ?
Como supor ser tudo um falso jogo? E crer que se extinguisse aquele fogo que acendia em teus olhos duas piras?
E descobrir, - no instante em que me amavas, - que em tua boca ansiosa misturavas ao mesmo tempo beijos e mentiras ?
Eram brancas as mãos, brancas e puras, mãos de lã, de pelúcia, mãos amadas... Como prever, vendo-as fazer ternuras, que nas unhas traziam emboscadas ?
Era tão doce o olhar... em conjeturas felizes, e em promessas impensadas... Como enxergar, portanto, as amarguras e as frias traições nele guardadas ?
Como pensar em duas, se somente uma eu tinha em meus braços, e adorava, e a outra, - uma impostora, - se mantinha ausente.
E, afinal, como ver, nessa alegria, que o amor que tanta Vida me ofertava seria o mesmo que me mataria ?
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