Molhei meus lábios na polpa espessa dos seus
e com uma taça borbulhante de champanhe,
que você me ofereceu,
me esvaí da realidade.
Percorri estradas sinuosas e desertas
numa procura interminável do meu interior.
Desci ao precipício do sofrimento carnal.
Subi escadas estreitas e íngremes
com o colo ofegante e flamejante de suor.
E ao chegar ao cume,
um vulto grandioso enlaçou-me a cintura
e num rodopio estonteante,
conduziu-me num balé demoníaco e lírico.
Perdi a nitidez fulgurante da luz.
Caí num sono profundo e catártico.
Fui despertando suavemente
com os tímidos e pálidos raios de sol
e com o sopro do vento fresco
do alvorecer outonal.
Olhei para o lado
e governante de mim, inquiri:
- O que faz você ainda aqui?