MARIONETE
Fátima Irene Pinto
Eu sinto medo de ti. Medo das barreiras que me impões, sem palavras e que meu coração interpreta angustiado nas entrelinhas do que não dizes .
Eu sinto medo de ti. Tua doçura é névoa tênue e traiçoeira a esconder muralha férrea, com a qual me choco tantas vezes, entre perplexa e aparvalhada.
Eu sinto medo de ti. Porque és todo razão, auto-controle e frieza, jamais te soltas e te desmanchas em paixão e as vezes és de uma dureza à prova de qualquer compaixão.
Eu sinto medo de ti. Porque és capaz de desnudar-me de todas as camadas, deixando-me quase em carne viva, enquanto não perdes sequer um pelo, a pele ou o vício de lobo predador, velho de guerra, conhecedor da minha alma e da alma de tantas mulheres.
Eu sinto medo de ti. Porque sonegas os "backs" de todos os meus "feeds", e negas respostas às perguntas cruciais. Me tens nas mãos feito marionete, me confundes e me desmontas sem nenhuma culpa, como se minhas dores fossem banais.
Eu sinto medo do amor que me despertas, tão grande e visceral. Sinto medo da amplidão de todas as minhas expectativas. Sinto medo da mágoa, que intensa, caminha paralela ao meu amor; Dos extremos, da luz e da escuridão, do céu e inferno, dos tantos altos e baixos que permeiam cada capítulo e cada cena do nosso roteiro.
Ah! Homem amado e faceiro, pedaço de mal caminho ladrão de corações, tinhoso e traiçoeiro! Tens o condão de fazer-se amar ! Um dia ainda curo-me de ti e vou te deixar E ao conseguir tal feito, presto aqui um juramento Hei de deixar escrito um manual ou cartilha, Para que outras não caiam na tua armadilha.
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