INQUIETAçãO
Fátima Irene Pinto
O que está acontecendo comigo Onde posso buscar explicação Nos livros, nos conselhos, nas preces Na quietude talvez...na solidão. Mas como posso aquietar-me Se mal posso suportar-me. Como aplacar o turbilhão Que me sacode por inteira Como se minha alma dolorida Estivesse em convulsão? O que está acontecendo comigo? Se saio, logo quero voltar Se volto, em seguida quero sair Se paro, parece que vou explodir. Se deito, eu não consigo dormir Se leio, já não me concentro Até a música me corrói. Se oro, já não há devoção E onde quer que eu esteja Qual pesado casco de jabuti Esta angústia continua aqui. Dor estranha e insistente Dor teimosa e renitente Para a qual não há remédio. Mas porque será que me acalmo E a minha paz sempre retorna Quando estou contigo de alguma forma? Por que eu ouço quando você me chama? Por que eu sei quando você não está bem? Se você está aí fragmentado Fico aos pedaços aqui também... Não sei que mistério é este Já vivi tanto e não vivi nada assim. Sinto-me morrer pela minha metade Que já nasceu amputada de mim!
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