QUERO
Fátima Irene Pinto
Quero sair da minha pele. Quero deixar, nem que for por um instante este veículo físico e temporal, tão pesado... Quero arrancar este vestido engomado, inadequado, apertado, limitado a cinco míseros sentidos.
Quero, nem que for por um instante, acreditar-me livre imortal, atemporal e sair voando por aí, deixando para trás este veículo dolorido.... Ganhar o espaço sideral, ou quem sabe, o próprio mundo causal tão decantado por Yuktéswar e Platão...
Quero me sentir do Todo , uma ínfima porcentagem ou fração. Respirar aragem nova, ver-me livre dos meus terrenos sentimentos Que tão pouco me falam de alegrias, mas bem sabem destilar os meus tormentos...
Quero, nem que for por um momento, ver-me livre da minha mente, que mente para mim o tempo todo, em forma-pensamentos tipo círculo-vicioso, incapazes de síntese ou de se abrirem para uma volta mais ampla da espiral, Retornando inexoravelmente ao mesmo conhecido lugar Onde reencontro a cada segundo, Todas as minhas mazelas e todas as mazelas do mundo.
Hoje estou com sede de vida eterna... De água de inesgotável fonte que deveras me dessedente E que me arremesse a um novo e inusitado horizonte Onde não conste Vestido engomado Sentimento truncado Pensamento embotado Viver limitado Virtude ou Pecado!!!! Quero.
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