CANTO XXVIII - A SI MESMO
Repousa para sempre, Meu coração cansado. O engano extremo Que acreditei eterno – é morto. Sinto Em nós de enganos puros, Não que a esperança: o desejo já extinto. Dorme até nunca – e o muito Que pulsaste. Não vale coisa alguma O impulso teu, nem de um suspiro é digna A terra: amarga e balda É a vida, mais que tudo – e lama o mundo. Aquieta-te, não creias Numa outra vez. Ao querer nosso o fado Paga em morte: despreza-te, por fim, E à natureza, e ao mudo Poder que – ingente – à comum perda leva, E à infinita vaidade de tudo.
Gíacomo Leopardi
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