O Brasil atual é resultante do encontro de culturas e civilizações provindas de quatro continentes: América, Europa, África e Ásia. Neste sentido, podemos comparar o Brasil ao supercontinente pangéia que, há cerca de duzentos milhões de anos, explodiu sob as forças geológicas, dando origem aos continentes atuais. Os representantes desses quatro continentes, isto é, os povos indígenas, os alienígenas de diversos países europeus, os árabes, os africanos deportados e os asiáticos que aqui se encontraram nas condições históricas conhecidas, ou seja, cada um desse componente étnico trouxe sua contribuição na formação do povo e da história do Brasil, na construção da identidade e da cultura brasileiras. Identidade e cultura entendidas no sentido plural e não unitário.
É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura de cada um desses componentes culturais, tentando cercar e captar suas contribuições na sociedade brasileira. Não vejamos melhor caminho para entender a história social e cultural deste país, a não ser começar pelo estudo de suas matrizes culturais: indígena, européia, africana e asiática. Enfatizando a heterogeneidade do espaço. Porém, não é isso que acontece na história do Brasil até hoje ensinada através da historiografia oficial. Na maioria dos livros e materiais didáticos que "conhecemos", as contribuições dos africanos e seus descendentes brasileiros são geralmente ausentes dos livros didáticos e quando são presentes são apresentadas de um ponto de vista estereotipado e prenconceituoso. Conseqüentemente, os brasileiros de ascendência africana, contrariamente aos de outras ascendências (européia, árabe, asiática, judia, etc.) ficam privados da memória de seus ancestrais no sistema do ensino público oficial, além de acarretar uma baixa auto-estima e a construção de uma identidade negativa.
Essa situação justifica a lei nº 10.639/3 promulgada pelo Presidente da República em 2003, isto é, 115 anos depois da abolição da escravidão no Brasil, para reparar essa injustiça causada não apenas aos negros, mas também a todos os brasileiros, tendo em vista que essa história esquecida é um patrimônio de todos os brasileiros sem discriminação de cor.
Algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Brasil apontam as dificuldades que as crianças negras têm para se auto-representar através do desenho. Geralmente, eles se auto-representam através dos traços morfológicos da população branca. Nas realidades sócio culturais esboçadas os agrupamentos tais como as favelas os quilombos urbanos e rurais aparecem como configurações territoriais depreciativas desmembradas de um passado e de um presente histórico comum ao descendente africano.
O enfoque da história do negro e da África e de suas dinmicas culturais, configurações territoriais, e espaços sociais podem ser apresentados através da imagem colaborando desta forma na re-memoração da história da população negra, na re-construção da identidade afro-descendente bem como na apreensão do conhecimento.
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