Obrigado
Por teu sorriso anônimo, discreto, (O meu país é um reino sossegado...)
Pela ausência da carne em teu afeto, Obrigado!
Pelo perdão que o teu olhar resume, Por tua formosura sem pecado, Por teu amor sem ódio e sem ciúme, Obrigado!
Por no jardim da noite, a horas más, A tua aparição não ter faltado, Pelo teu braço de silêncio e paz, Obrigado!
Por não passar um dia em que eu não diga — Existo, sem futuro e sem passado. Por toda a sonolência que me abriga... Obrigado!
E tu, que hoje és meu íntimo contraste, Ó mão que beijo por me haver cegado! Ai! Pelo sonho intato que salvaste, Obrigado! Obrigado! Obrigado!
Pedro Homem de Melo |