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من: vylma  (الرسالة الأصلية) مبعوث: 01/08/2009 02:50

Unhas Vermelhas


Sempre que se lembrava dela, a via como saindo de um denso nevoeiro; feições desfiguradas, em um constante pranto. Sobressaiam-se, em suas memórias, apenas suas longas unhas vermelhas.
Lembrava-se, vagamente, da expressão alheia em seus olhos e de que eram ligeiramente esverdeados. às vezes, chegava a pensar que também pudessem ser amarelos ou castanhos.
Os cabelos variavam entre o castanho-claro e um louro esmaecido. A pele, com certeza, era branca, decorrente da ausência do sol por longos anos, parecia-lhe que ela estivesse saindo de uma penosa enfermidade.
O sentimento que nutria por ela oscilava entre o carinho e o pesar, a afeição e o desprezo. Não era amor nem ódio.
Talvez, fosse essa neutralidade que o incomodasse, essa sensação de que tudo permaneceria igual no decorrer dos próximos séculos, a despeito dos buracos na camada de ozônio e dos desmatamentos das florestas tropicais. Ele nem sequer sabia se ela tinha tomado conhecimento dos últimos acontecimentos, se lera o jornal do dia, se ouvira as notícias veiculadas através da televisão. Parecia-lhe que ela se deixava existir no meio do nevoeiro com a preocupação única de polir as unhas, impecavelmente vermelhas.
Há anos que a conhecia, que lhe dava o bom dia todas as manhãs, que lhe pagava as despesas, porém não a via como uma pessoa inteira. Sua voz ressoava cansada e repetitiva. Seus atos mecanizados, seus sentimentos embotados, sua expressão amorfa. De tudo que conhecia dela, somente as unhas vermelhas tinham personalidade própria, como que desafiassem as forças do universo para continuarem existindo, ameaçadoras, fortes e brilhantes. Parecia-lhe também que unhas vermelhas poderiam desafiar os perigos, infiltrando-se na carne do inimigo, arrancando-lhe a alma, assim como faziam com os tomates recém- saídos da água fervente. Muitas vezes julgava que continuava com ela somente para ter o prazer de vê-la lustrar as unhas, como se fosse o único tesouro que lhe restasse...
Tantos anos convivendo com as unhas vermelhas e presenciar que elas simplesmente tinham desaparecidos num toque de mágica ou de acetona... Que fim levaram as tesouras hereges que ousaram aparar o que dela restara de personalidade ?
Sabia que iria deixar os presentes atônitos. Possivelmente alguém tentaria lhe impedir de concretizar seu derradeiro ato de amor, mas ele lhe devia isso, pelo que tomara dela durante toda a vida. E cuidadosamente, ignorando as reprimendas dos demais, colou nos dedos da morta, uma a uma, longas e vermelhas unhas postiças, que reluziam ao reflexo das velas. Agora sim: "Requiescat in pace".



Henriette Effenberger



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