Sociedade Brasileira de Neurocirurgia faz esclarecimentos sobre morte encefálica
A partir dos avanços tecnológicos da medicina, tornando possível o prolongamento da vida humana, surgiu o conceito de morte encefálica.
Morte encefálica ou morte cerebral? Este e outros esclarecimentos se fazem necessários diante da grande utilização desses termos nos diferentes meios de comunicação do país, especialmente nas informações divulgadas sobre doação e transplante de órgãos. Para a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), é preciso esclarecer a população sobre a diferença entre esses dois conceitos, bem como sobre os critérios para o diagnóstico - critérios internacionais, normatizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os avanços tecnológicos da medicina propiciaram prolongar a vida, seja por intermédio da circulação extracorpórea e respiradores artificiais, ou através da ressuscitação cardíaca, o que veio revolucionar o tradicional conceito de morte clínica - a tradicional parada cardíaca e respiratória -, surgindo, então, o conceito de morte encefálica (ME).
No Brasil, o conceito de morte encefálica foi feito por ocasião do primeiro transplante a partir de cadáver, em 1968, através de critérios eletroencefalográficos. "Em 1983, tal critério passou a basear-se na constatação clínica: coma aperceptivo, com ausência de qualquer reação motora supra-espinal, devendo ser respaldado por exame subsidiário que demonstre a ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica ou circulatória", explica o Dr. Luiz Alcides Manreza, neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). Ele esclarece: "a morte encefálica é um estado de coma irreversível. Já a morte cerebral, que é uma lesão dos hemisférios cerebrais, significa o estado vegetativo persistente". |
O especialista informa que a morte encefálica está relacionada à hipertensão intracraniana, que tem como causas o traumatismo crnio- encefálico - provocado por acidente ou por projétil de arma de fogo -, os tumores cerebrais e os derrames hemorrágicos.
O neurocirurgião deixa claro que, apesar do conceito de ME ter surgido a partir do primeiro transplante, o diagnóstico de morte encefálica não está restrito ao programa de transplantes, ele é necessário nas inúmeras UTI's do país, tendo em vista o déficit de leitos existentes nessas unidades.
Diagnóstico da ME
Para que o médico faça esse diagnóstico - e todo o médico poderá fazê-lo, independente de ser especialista - é essencial que sejam observadas as seguintes condições:
1-pré-requisitos: diagnosticar a presença e a causa da lesão encefálica responsável pelo quadro atual e a sua irreversibilidade, excluindo possíveis causas reversíveis que simulem o mesmo quadro |