Doenças de inverno? Cuidado, elas podem não ser tão simples quanto parecem
Especialista da Paraná Clínicas explica o porquê de muitas doenças aparecerem com o frio, e o que pode levá-las a consequências mais graves
Resfriado, rinite, asma, amidalite,... enfim, diversas doenças como estas são comuns com a chegada do frio. No entanto, os especialistas alertam que elas podem aparecer em qualquer época do ano. Mas é no inverno que elas podem ficar mais frequentes. Isso porque, com o frio, a tendência é manter janelas e portas fechadas, o que possibilita um ambiente favorável à transmissão de doenças.
Quem sofre mais com essa probabilidade são as crianças e os idosos. Afinal, o sistema imunológico deles não é tão forte quanto o dos adultos e jovens, o que faz com que sejam afetados pelas doenças com mais constncia ou maior gravidade. Mas o alerta fica para toda a população: manter um ambiente sempre arejado e com circulação de ar contínuo.
Para o médico Patrick Alexander Wachholz, especialista em Clínica Médica da Paraná Clínicas Planos de Saúde Empresariais, o hábito de manter ambientes fechados para evitar o frio pode aumentar as chances de contaminação. Principalmente, as doenças associadas ao trato respiratório superior e inferior, como os resfriados, rinite, asma, exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC - associada ao cigarro, na maioria das vezes), amidalite, otite, pneumonia, meningites virais e gripe por influenza, entre outras. “Em outros casos, o frio pode exacerbar ou por vezes desencadear uma doença crônica, como é o caso da asma, rinite e DPOC”, explica. “As pessoas que são portadoras dessas condições estão mais predispostas as doenças associadas a exposição ao frio”, complementa.
É gripe?
Apesar de alguns sintomas em comum, existe uma diferença importante entre gripes (infecção pelo influenza) e resfriado (infecção por vírus mais simples, como coxsakie e rhinovírus, que costumam causar somente sintomas leves e restritos a cabeça e pescoço). A gripe é uma condição sistêmica, que causa febre alta, dor muscular, mas que existem vacinas para preveni-las. “O problema é que o vírus influenza tem uma capacidade notável de sofrer mutações, e, além disso, pode se apresentar em diversos subtipos diferentes. Ou seja, a vacina pode não ser suficiente para prevenir a doença, mas reduz a possibilidade do contágio pelos tipos mais frequentes deste vírus”, explica Patrick.
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As vacinas são feitas com base nos subtipos de vírus mais comuns no inverno do ano anterior. No entanto, ela não impede que as pessoas tenham resfriados, e não é garantia de 100% na proteção contra todos os tipos de vírus influenza. “A vacina é muito eficaz na proteção de crianças e adultos com doenças especiais, e principalmente idosos. Ela comprovadamente reduz a possibilidade de morte e hospitalização por problemas respiratórios neste segmento etário”, complementa o médico, que ainda alerta para o tratamento destas doenças, principalmente em idosos. “Como o sistema imunológico deles não consegue responder de modo suficiente em algumas infecções, uma gripe pode aumentar a susceptibilidade a pneumonias, e levar o idoso a morte. O que as vacinas fazem não é evitar todos os resfriados e gripes, mas sim, reduzir, em muito, a chance dos idosos adquirirem essas infecções mais graves”.
Como tratar?
Apesar de muitas receitas caseiras fazerem bem à saúde, como chás naturais e a ingestão de frutas e muita água, os médicos alertam para o tratamento correto das doenças típicas do inverno, além, claro, da prevenção. A famosa vitamina C tem um papel antioxidante no organismo, o que pode teoricamente oferecer algum tipo de proteção antes de a pessoa adquirir infecções virais. “Depois de doente, o uso de vitamina C não acelera a recuperação ou cura da condição. As infecções bacterianas, as exacerbações de doenças crônicas e DPOC devem ser sempre avaliadas por médico, e não tratadas no balcão da farmácia, ou usando medicamentos sem prescrição”, alerta o clínico da Paraná Clínicas Planos de Saúde Empresariais.
Muitos remédios constantemente utilizados para as doenças do inverno, sem prescrição médica, podem causar sérios efeitos adversos, que incluem desde insuficiência hepática e renal, sonolência excessiva com risco de graves acidentes (automobilísticos ou não). “Alguns medicamentos podem levar até hipertensão secundária grave e casos raros de derrame, pelo aparentemente inocente uso de alguns tipos de gotinhas no nariz”, esclarece Patrick.
Não há estatísticas oficiais, mas a procura por consultórios médicos e serviços de pronto atendimento multiplica-se no inverno devido a estas condições típicas da estação. Agasalhar-se bem, manter uma dieta rica em frutas e verduras (que contém todas as vitaminas necessárias, incluindo a vitamina C), evitar lugares fechados e sem circulação de ar, e lavar muito bem as mãos antes de levá-las a boca, olhos e nariz, principalmente se houverem pessoas com sintomas de alguma das doenças anteriormente citadas, são exemplos de condutas que podem ser adotadas sem problemas.
O uso de vitaminas e antigripais sem prescrição médica, e principalmente, de remédios especiais, como os antivirais, só deveriam ser feitos sob estrita avaliação e prescrição médica.
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