Trabalho adia demência - TUDO EM PORTUGAL

Doença pode ser retardada em seis meses para cada ano de aposentadoria adiado. Pesquisas anteriores indicavam uma boa educação como estímulo para o cérebro

HOANG DINH Nam/AFP %u2013 16/12/08

No Vietnã, 40% da população idosa continua a exercer algum tipo de atividade depois da aposentadoria. As mulheres a obtêm aos 55 anos e os homens aos 60

Trabalhar em idade avançada é uma forma de manter o cérebro ativo e também uma maneira eficiente de adiar a demência em homens, de acordo com um estudo realizado por cientistas britncios e publicado ontem na revista científica International Journal of Geriatric Psychiatry. Dados de 1.320 pacientes foram analisados por uma equipe médica, que constatou o adiamento da doença nos homens que continuaram trabalhando durante a velhice. Pesquisas anteriores indicavam que uma boa educação estava associada ao menor risco de desenvolver o quadro.

A demência é causada por uma perda de grande parte de células do cérebro. Especialistas acreditam que uma forma de se proteger contra isso é criando o maior número de conexões entre as células, por meio de atividades mentais. Esse fenômeno é chamado de "reserva cognitiva". O estudo do King's College sugere que para cada ano que a aposentadoria for adiada pela pessoa, há um retardo de seis semanas na manifestação da doença.

"A possibilidade de que a reserva cognitiva de um indivíduo possa ser alterada em idade avançada dá mais peso ao conceito de ‘use ou cérebro ou perca-o’, segundo o qual manter uma vida ativa em idade avançada traz benefícios importantes para a saúde, incluindo a redução de risco de demência", disse o especialista John Powell. Os pesquisadores afirmam que a natureza da aposentadoria também mudou ao longo dos anos. Para muitas pessoas, ela pode ser tão estimulante intelectualmente quanto se manter na ativa.

Para Simon Lovestone, cientista que não participou da pesquisa, "o estímulo intelectual de pessoas mais velhas no ambiente de trabalho pode prevenir um declínio das habilidades mentais, mantendo-as fora do alcance da demência por mais tempo". Ele ressalta, no entanto, que ainda é preciso fazer mais estudos sobre o assunto para comprovar a relação entre os diferentes fatores