DELICADEZA DO CREPÚSCULO
O crepúsculo desce a mim, devagarinho, Como se fosse a mão de uma moça doente.
(A esta hora ela vai pelo nosso caminho, Vai distraída, olhando a tarde evanescente.) Ou então, a passear pelo seu jardinzinho, Esperará que o sino dobre, lentamente, E ela é discreta como aquele jardinzinho E carinhosa como a tarde evanescente.)
O crepúsculo ... O céu escurece, magoado. Entra pela janela o humor citadino. Se eu chegasse ao balcão e ficasse parado Sentiria o sinuoso aroma feminino De um sabugueiro que há nesta casa ao lado. Vai rolar de uma torre o soluço de um sino ...
E o crepúsculo desce a mim, tão delicado Como se fosse a mão suave de um menino.
(Ribeiro Couto in Melhores Poemas)
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