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PROSAS: Por que os amores se perdem
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De: ZÉMANEL  (Mensaje original) Enviado: 10/08/2009 20:15
  
 

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Por que os amores se perdem
© Letícia Thompson

O mais difícil de entender quando os
amores acabam são os porquês.
Por que duas pessoas que se encontraram
e se encantaram,
viveram um amor que parecia indestrutível,
se separam?
Por que o amor geralmente acaba
de um lado só e é o outro que fica chorando
e querendo entender as razões?

Amores deveriam ser eternos,
mas nem sempre são.
Costumo comparar casais a chave e fechadura.
Nem toda chave abre todas as
portas e é necessário encontrar aquela
exata que vai se encaixar perfeitamente
e tudo será possível.
Mas a gente acredita que cada vez que
alguém toca nosso coração e entra,
que é definitivo.
Um casal que se apaixona de início,
sem que um tenha tido o tempo
de desnudar o outro nas suas verdades,
acredita nessa chama e até briga
por ela muitas vezes.

E cria-se sonhos, planeja-se o futuro...
enquanto isso os dias vão passando,
toma-se menos cuidado em manter
a magia e a parte dos dois que é mais
sonhadora começa a sentir-se incomodada.
Dá medo.
Medo de ter que olhar bem nos olhos da
realidade e dizer: acabou!
Medo de ter que se confessar a si próprio
que ainda não foi aquela vez!
Medo da solidão, de ter que recomeçar...

Não são as decepções que matam o amor.
Se assim fosse,
não existiriam perdões e reconciliações.
O que mata o amor é simplesmente a tomada
de consciência de que o outro não
é o ser sonhado.
É como acordar depois de um longo
sono e lindos sonhos.

O outro está ali, é a mesma pessoa,
mas aquela neblina que dava a impressão
de irrealidade já não mais existe.
E isso não acontece da noite para o dia,
como se costuma pensar.
É algo que vem com os dias,
os hábitos, as monotonias.

Um percebe, o outro não.
Um começa a se sentir angustiado e o
outro continua acreditando ou finge
que acredita.
E quando a gota que faz transbordar
o vaso chega é o mundo todo que desmorona.

Porém,
tudo não fica definitivamente perdido.
Sobra de um lado a dor e os porquês,
um resto de amor que teima em ficar
no fundo como o vinho envelhecido
na garrafa e do outro o coração dividido
por não poder reparar erros
cometidos e a vontade de continuar
em busca de outros horizontes.

Sobra para os dois a ternura e a lembrança
dos momentos passados juntos.
Por que corta-se relacionamentos,
mas não se apaga momentos,
mesmo que a gente queira.
Vivido é vivido, feliz ou infelizmente.

Inútil é querer resgatar um amor que
resolveu partir pra outras direções.
Quanto mais apega-se, mais ele se afasta.
E quanto mais se afasta,
mais dói no outro a incompreensão.
É uma roda da qual é difícil de sair.
E é uma pena,
pois os corações não merecem isso.

Quando a questão é amor,
não existe justo ou injusto.
Existe o que ama e o que não ama mais.
Precisamos aceitar que o outro não
tenha os mesmos sentimentos,
mesmo se isso nos faz mal,
por que se o amor não for livre para
se instalar onde realmente deseja,
ele perde toda a razão de ser.

                                                                              




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