Vem. Fica ao meu lado ... Há uma calma outonal Que diz bem, meu amor, com os nossos dias ... Já não se avistam mais os céus de fogo Na pompa vesperal do estio ardente. A tarde se dilui em gradações suaves, Em matizes sutis, esvanescentes ... Dir-se-ia uma violeta que se fecha Longe do sol ... Perdendo a cor ... Morrendo! ...
Repara como é bom este perfume! Um perfume diluído em lilases ... Perfume imaterial! Olor que não existe, Mas que tu sentirás, tal qual eu sinto: Caricioso, envolvente, adormecente! Perfume da nossa íntima ternura ...
Agora, meu amor, nossa estima se casa Com esta paz sideral, macia e branda Como o frouxel de um ninho acolhedor ... Eu te olho de outra forma. E outra doçura Tem teu olhar tranqüilo, repousado, Que já não trai os estos da paixão ... Nossas mãos se procuram, se acarinham, E se deixam ficar entrelaçadas Na muda confidência enternecida Do amor que tudo tem e chega ao termo Celebrando as vitórias alcançadas Nas refregas do tempo percorrido, E que podemos relembrar felizes Entre os vapores de perfumes místicos Desta paz outonal dos nossos dias.
Emilio Kemp |