Porque é que um sono agita
Porque é que um sono agita Em vez de repousar O que em minha alma habita E a faz não descansar?
Que externa sonolência, Que absurda confusão, Me oprime sem violência Me faz ver sem visão?
Entre o que vivo e a vida, Entre quem estou e sou, Durmo numa descida, Descida em que não vou.
E, num infiel regresso Ao que já era bruma, Sonolento me apresso Para coisa nenhuma.
Fernando Pessoa (cancioneiro)
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