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General: O último sortilégio
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De: ZÉMANEL (Mensagem original) |
Enviado: 13/09/2009 19:59 |
O último sortilégio Fernando Pessoa
"Converta-me a minha última magia Numa estátua de mim em corpo vivo! Morra quem sou, mas quem me fiz e havia, Anônima presença que se beija, Carne do meu abstrato amor cativo, Seja a morte de mim em que revivo; E tal qual fui, não sendo nada, eu seja!" |
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Certa vez na noite ruivamente...
Esquivo sortilégio o dessa voz, opiada em sons cor de amaranto, às noites de incerteza, que eu lembro não sei de onde – a voz de uma princesa bailando meia nua entre clarões de espada.
Leonina, ela arremessa a carne arroxeada; e bêbeda de si, arfante de beleza, acera os seios nus, descobre o sexo... Reza o espasmo que a estrebucha em alma copulada.
Entanto nunca a vi mesmo em visão. Somente a sua voz a fulcra ao meu lembrar-me. Assim não lhe desejo a carne – a carne inexistente...
É só de voz-em-cio a bailadeira astral – e nessa voz-estátua, ah! nessa voz-total é que eu sonho esvair-me em vícios de marfim...
+*+Mário de Sá-Carneiro+*+
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