ALECRIM E AçUCENAS
Carmo Vasconcelos
Varro do velho roseiral as folhas mortas
Fétido odor a poluir o meu jardim
Ervas daninhas corto rentes pelas portas
E preparo meu novo chão só d’alecrim
Renego encantos de paisagens cor-de-rosa
E o verde não mais atrairá os meus sentidos
Cores ludibriantes d’utopia duvidosa
Fatal cegueira pra olhos embevecidos
Colcha d’alecrim cobrirá os meus domínios
Fundas olheiras vestirão a sua cor
Na dor violácea das traições e abomínios
Só às lágrimas deixo plantio d’açucenas
Suaves cristais a matizar roxo torpor
Gotas de orvalho a sararem minhas penas
Carmo Vasconcelos