Um dia um compadre e uma comadre viajam de carro no Alentejo. A viagem é longa. A certa altura diz a comadre: - Ó compadri, não vai levar a mal mas eu tenho de lhe dizêri uma coisa... - Diga comadre! - Olhe, compadri, a sua mulher anda a pôr-lhi os chifres! -Impossível, comadre. A minha mulher é uma santa. - Pois, olhi que não, compadre. E quer saber mais. É com o meu marido! - Com o compadri? Não pode ser! - Pois podi, compadre. O compadre lamenta-se, chama-lhes falsos, diz que já se não pode confiar em ninguém, etc..., etc... Passados uns minutos, a comadre volta-se para o compadre e diz: - Olhe lá, compadri, não vale a pena estarmos p’raqui a lamentar-nos. E se nos fôssemos a vingari? - Pois vinguemo-nos, comadri! Pararam o carro, foram para trás de uma moita e ... trufa! trufa! Prosseguiram a viagem, continuando a perorar sobre a desonestidade humana. Passados uns tempos, diz a comadre: - Ó compadri, e se nos fôssemos a vingari outra vez?! - Vamos nisso, comadri! Param o carro outra vez e... trufa! trufa! Retomam a viagem. A noite aproximava-se e já se viam ao longe as luzes de Serpa. Diz a comadre: - Ingratos, compadri. E dizêri que já estamos a chegári. Há que vontade tenho de me vingári outra vez!!!... Responde-lhe o compadre: - Ó comadri, eu vingári vingava-me, mas estasse-me a acabar o rancôri...
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