Descobri este delicioso texto no 'Recanto das Letras' e não resisti a 'roubá-lo' de lá e transcrevê-lo no nosso Grupo. Para quem não sabe, Maringela Rocha é a nossa Amiga MAYRA. Parabéns, Mayra ! Subscrevo as tuas palavras.
Salve Língua Portuguesa
Ingrata língua portuguesa, tão linda, mas tão complexa.
É de uma suavidade incrível quando pronunciada pelo
poeta, mas de uma brutalidade horrorosa quando é
esbravejada na fúria de um ódio.
Quanta vontade explode em muitos corações, de expor
seus sentimentos em palavras, mas quanto é difícil
versejar corretamente pelo português.
Sentimentos que brotam de uma alma pura são doces
cantigas de ninar, mas que também podem arranhar
nossos ouvidos pelos erros de gramática.
Dicotomia... mais da metade dos brasileiros, a vida
miserável não lhes abriu as portas da escola no
aprendizado do BEABÁ, o pouco que sabem aprendeu na
rua, de ouvir falar, bem que eles queriam ler muitos livros,
mas são caros e também para entendê-los é preciso cultura,
conhecer o significado das palavras, e são tantas no nosso
português e muitas aparentemente significando a mesma
coisa. Como então saber quando usar MAL ou MAU, se ao
ouvido de quem aprendeu “de ouvido” soa tudo igual?
Seria preciso começar de novo, o que falta ao povo não é
vontade, é condição, são políticas públicas que viabilizem a
todos o direito à escola.
Com isso erros graves de gramática, de tanto ser usados, já
faz parte do usual e vão se incorporando à nossa cultura, e
nosso português se apresenta com muitas caras diferentes,
uma para cada núcleo social.
Não podemos esquecer-nos do estrangeirismo, principalmente
do inglês, mas convenhamos, eita português complicado,
quem tem a paciência de no lugar de “Mail” escrever “carta
eletrônica”? aliás, de “Mail” ela já foi batizada de “Email”,
não importando ser a carta ou o endereço eletrônico.
Mas brasileiro é assim mesmo, encontra sempre um jeitinho
de contornar as dificuldades, e acho que foi por isso que
Deus nos deu uma língua pátria com tantas possibilidades:
se não sei como escrever “Exímio” uso “Ótimo”. E os
costumes próprios de cada região?
Outro dia me arrisquei a escrever num texto, “causos”,
como fala o mineiro, bombardearam-me de críticas.
Poxa, fiquei pensando, porque Carlos Drummond de
Andrade pode e eu não?
Amigos leitores sintam-se livres para qualquer correção
necessária, não fugi da escola e tive até boas oportunidades
de estudo, mas a cabeça já está cansadinha........
Mariângela Rocha |