Os países de
língua portuguesa receberão apoio para dar assistência às micro e pequenas empresas (MPE) graças a um acordo internacional de cooperação técnica assinado com o
Brasil, que tem acções já implementadas na África lusófona.
“A cooperação com Moçambique está a ocorrer desde 2008 nas áreas de artesanato e agricultura familiar, enquanto Cabo Verde será beneficiado com o início das actividades até ao final deste ano”, disse o assessor internacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), José Marcelo de Miranda.
Ele explicou que as missões internacionais são organizadas a partir de pedidos dos próprios países de língua portuguesa.
No caso de Angola, está sendo realizado um trabalho de prospecção junto a jovens empresários e mulheres empreendedoras para que seja elaborado um plano de trabalho.
Já a Guiné Bissau será o quarto país africano de língua portuguesa a beneficiar da cooperação técnica com o Sebrae, com actividades previstas para o começo de 2010.
A cooperação técnica baseia-se nas acções já desenvolvidas pelo Sebrae, que agora contará com a parceria dos lusófonos, em particular dos africanos.
“A parceria dá-se na transferência de conhecimento e do arcabouço metodológico de atendimento às pequenas empresas”, explicou Miranda ao defender que o incentivo às micro e pequenas empresas é fundamental para o desenvolvimento económico desses países.
A ideia, segundo o gestor, é aproximar as pequenas empresas do projecto de desenvolvimento destas nações.
Este é um passo no sentido de estimular o empreendedorismo nos países lusófonos, acrescentou Marta Campelo, consultora da área de Comércio Exterior do Sebrae no Ceará (Sebrae-CE).
“Os países de língua portuguesa têm condições de fazer diversas acções de capacitação em empreendedorismo”, afirmou.
O Sebrae-CE, onde, em Setembro, aconteceu o 5º Encontro Empresarial de Negócios na Língua Portuguesa, está empenhado há cerca de oito anos na internacionalização de micro e pequenas empresas dos países lusófonos.
Miranda afirmou que a economia brasileira, por ser “mais robusta e estruturada” do que a dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop), tem as instituições “mais bem desenvolvidas”.
“O que nos aproxima não são só as identidades culturais e linguísticas, mas os países africanos, alguns recém-saídos de guerra, têm desafios semelhantes aos do Brasil”, explicou.
“Os Palop precisam superar [esses desafios] com estratégias combinadas de apoio ao desenvolvimento económico e social, com educação, segurança alimentar, etc”, ressaltou.
O assessor internacional do Sebrae acrescentou que a parcela de contribuição do Brasil está relacionada com o histórico recente do país “com a consolidação de conquistas nos campos sociais e económicos”, e citou a Lei Geral da MPE, em vigor desde 2007.
Foi um “grande marco na história da legislação brasileira” no favorecimento das firmas de pequeno porte, criando um ambiente de competitividade e de inserção no mercado e nas compras governamentais, destacou.
Fonte: Lusa – 07/10/2009