O recente avanço da economia permitiu que o Brasil ganhasse uma posição no Índice de Competitividade (IC) divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O estudo foi apresentado em 24 de setembro pelo diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.
“O Brasil está avançando de maneira positiva e apresenta um cenário otimista, mas a competitividade é um processo dinmico”, explicou Roriz. Segundo ele, a estabilização econômica do País é explicada a partir de três fatores: política monetária, elevação da carga tributária e variação cambial.
Com um banco de dados de 48 mil informações agrupadas em oito fatores (economia doméstica, abertura de mercado, consumo do governo, capital, infraestrutura, tecnologia, produtividade e capital humano), o Decomtec elaborou o ranking em que o Brasil aparece em 37º lugar, à frente de países como Turquia, Índia e Indonésia.
Resultados – Por outro lado, o País perde para vizinhos na América do Sul como Argentina, Chile e Venezuela, por exemplo. Entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), está atrás de China e Rússia. “O que explica o distanciamento da Argentina e Venezuela é que estes países têm grandes estoques em educação e tecnologia, itens utilizados no cálculo da competitividade”, explicou Roriz.
Os investimentos sociais deram ao Brasil a melhor performance entre os países pesquisados. De 1997 a 2006, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apresentou variação de 9,2%, enquanto o dos países ricos teve média de 4,5%. “O gasto público em saúde aumentou, e isso garantiu que o IDH crescesse mais que o de todos os outros países”, revelou.
Série – Em 1997, quando teve início a série histórica do IC-Fiesp, o País apresentou nota de 18,2. Neste ano, a nota atingiu 23,7, o que representa crescimento percentual de 30,2%. O Brasil está entre os países que mais ganharam competitividade entre 2006 e 2008, no mesmo bloco da Indonésia, Filipinas, Alemanha e Malásia.
As nações que mais perderam competitividade entre 2006 e 2008 foram Rússia, Polônia, África do Sul, Chile e Bélgica. Os fatores atribuídos à perda foram a balança de conta corrente, juros para empréstimo e produtividade do setor de serviços.
Análise – O ambiente de negócios brasileiro é desfavorável ao desenvolvimento da competitividade. Juros e spread bancários, combinados com a alta e crescente carga tributária, desestimulam o investimento fixo. Os gastos públicos, mais altos que os dos países ricos, também prejudicam o desempenho do Brasil.
A melhora recente nos investimentos em educação ainda não refletiu em proporcional aumento da alfabetização e escolaridade. “Estamos gastando mais, só que qualitativamente ainda é muito ruim”, avaliou Roriz. Enquanto as universidades da China formam 4,6 pessoas a cada 10 mil habitantes por ano, o Brasil só forma 1,6.
No ambiente tecnológico, o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) tem aumentado, mas ainda se mostra ineficiente na geração de patentes e na produção de resultados comerciais. Os países ricos investem, em média, 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em P&D, enquanto o Brasil destina apenas 1,1%.
Desta maneira, o Brasil ainda está no grupo de nações com baixa competitividade. “Apesar de crescente, ela ainda é bastante inferior à maioria dos concorrentes em função de problemas estruturais”, concluiu.
(Fonte: Fiesp)