HUMANOS E IMPERFEITOS

 

 

Não é fácil ficar calado quando alguém aponta os nossos defeitos. Rapidinho encontramos um jeito de desmerecer o que ouvimos. Ninguém gosta de ser imperfeito. Mas todos nós somos! E por que agimos assim? Queremos consertar o mundo, mas esquecemos do nosso mundo interior. Ainda não entendemos que a mudança começa em nós.

 

Como é bom quando alguém descobre uma rachadura na casa a tempo de providenciar o conserto. Triste seria ver a casa inteira desmoronar por culpa de uma simples fratura. A pessoa que se permite “consertar” sempre sai ganhando. Quem aponta os nossos defeitos também não é perfeito, mas está em condições melhores do que nós para indicar uma saída.

 

Já imaginou se um escorpião estivesse andando em suas costas? Você só se livraria dele se alguém reparasse e tirasse o bicho de lá. Como eu posso me livrar dos meus defeitos, então? Permitindo que o outro os perceba, me aponte e indique a solução! Gastamos rios de dinheiro com livros de auto-ajuda, consultas com psicólogos e não nos damos conta que as pessoas ao nosso redor podem nos indicar com segurança que caminho trilhar. O outro é um mapa. Eu sou apenas o caminho.

 

Para vivermos esta realidade precisamos deixar de lado o nosso orgulho. Quem disse que precisamos acertar sempre? Onde está escrito que a perfeição existe? Ninguém é tão puro que nunca precise receber uma correção. Deixar-se corrigir é questão de maturidade. Triste mesmo é viver com a idéia de superioridade, considerando inútil outros pontos de vista senão os meus. Não sou dono da verdade e a verdade não gosta de pessoas imutáveis. Só não muda quem não faz nada e quem não faz nada não tem espaço para crescer.

 

Nosso espelho pode está nos traindo. A maneira como nos enxergamos é bem diferente daquela que os outros nos vê. Talvez eu não seja tudo aquilo que julgue ser. Ou talvez seja bem mais do que acredito. Quando olho demais para mim deixo de vê meus defeitos por considerar-me infalível. Se permito ser avaliado de vez em quando, posso questionar minhas verdades e vê que muita coisa não tem sentido. Mudar quando dá é sabedoria. Viver a mercê da opinião dos outros é burrice.

 

Somos assim: humanos e imperfeitos. Carentes de conserto, vivemos o tempo inteiro escondendo nossas imperfeições para não irmos parar na assistência técnica do próximo. Todos nós temos um prazo de garantia e como é triste saber que muitos perdem a garantia por não terem utilizado seus serviços quando poderiam.

 

ACEITAçãO E REALIZAçãO

 

Não adianta fugir desta verdade: o outro sempre me enxergará exatamente com a mesma medida que eu mesmo me enxergo. Exigir ser amado sem se amar é tolice. Exigir ser aceito sem se aceitar também o é. O amor do outro por mim começa primeiro dentro de mim.

A maneira como a maioria de nós foi criada nos leva a pensar que somos obrigados a esconder nossos medos, nossos pontos fracos para sermos aceitos. Temos vergonha de sermos quem somos e esta vergonha nos impede de enxergarmos o nosso melhor. Por não nos aceitarmos, passamos para o outro nossa insegurança, e assim o outro é obrigado a não nos aceitar também.

Estamos cansados de ouvir: “ninguém é melhor que ninguém!”, mas estamos cansados também de supervalorizar os outros e diminuir a nos mesmos. Parece fácil demais enxergar as qualidades do outro, mas a coisa complica quando procuramos as nossas. Gente assim não vive feliz. Vive escondendo suas qualidades e aplaudindo demais as do vizinho. É certo que existe muita gente boa, mas ninguém é bom sonzinho. Lembre-se sempre disso: as qualidades do outro só são qualidades porque você existe para classificá-las como tal. O outro sem mim pode até ser perfeito, mas é incompleto. Eu sem o outro posso até não ser tão perfeito assim, mas posso melhorar muito. As pessoas ao nosso redor são importantes, mas eu preciso entender que EU sou importante também.

Gente sábia sabe disso: não preciso fingir ser quem eu não sou para ser aceito. Tenho que descobrir o meu melhor e lutar para me tornar melhor a cada dia. As pessoas só se tornam boas quando decidem ser boas. A decisão sempre parte de mim: eu sou aquilo que eu quero ser e é apartir do que eu me tornar que o outro vai me enxergar. Simples assim...