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General: Caim segundo Cristina Carlos
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De: ZÉMANEL (Mensaje original) |
Enviado: 26/10/2009 20:23 |
Caim segundo Cristina Carlos
Saramago, meu irmão em Cristo, não sei se é da idade ou da intervenção de JC, mas Deus tem sido um querido, por isso relaxa; mesmo com essas últimas bocas foleiras ele há de julgar o teu coração e não os teus escritos, e sem preconceito. Só precisas de ser humano e deixar que o desejo de pertencer a algo maior do que tu, guie os teus últimos dias nesta terra. E quem sabe isso te traga a paz e tranquilidade que procuras.
(minha nota: esta Senhora é uma leitora da revista 'Visão' que tomou a liberdade de, de uma forma tão serena, comentar a diarreia mental do Senhor Saramago; segue-se um extracto da sua polémica obra e, no final, um breve comentário meu)
Tenho 76 anos e por pouco escapei-me da morte. Não acredito que o consiga fazer novamente e isso aborrece-me um pouco. - Não! Isso aborrece-me imenso! Deve acontecer o mesmo com todos os mortais mas eu estou longe ser um mero mortal! Eu sou a personificação da musica do Sinatra - My way! Mas a morte é definitiva! Não quero saber de obra feita nem de prémios e reconhecimento internacional, eu quero o que todos querem - Não morrer!
Tenho andado bem toda a minha vida e realmente a minha maneira é uma grande maneira! Nunca tive papas na língua e nada me impediu de viver á minha maneira, nem uma nacionalidade, nem regras de ortografia e muito menos a religião! Viver é fácil! A Lili tinha razão quando definiu como o contrário de estar morto. E que vida a minha! Por isso quando me vejo deitado numa cama de hospital sem saber se...
Claro que penso em Deus! Quem não pensa? A Pilar tem um nome tão católico! De certeza que rezou por mim, fechou os olhos e pediu com fervor para que Ele poupasse a minha vida! O que me aborrece é que eu acho, sim porque podem ter sido as drogas..., eu acho que também eu rezei e negociei por mais um tempo! Eu Saramago, o tal que não se apega a país nem a uma vírgula, a pedir pela sua vida como um comum mortal, pior um crente!?
Agora enraivece-me a minha fraqueza, esta necessidade de encontrar um sentido maior para esta vida maravilhosa! Aborrece-me ser tão... humano. Eu podia virar para o Budismo que é muito mais Zen, de certeza que não teria grandes problemas em racionalizar uma nova encarnação como o novo génio de uma outra disciplina qualquer. Mas este Deus tem tudo a ver comigo e foi a ele que eu pedi por mais tempo!
O que é que eu tinha na cabeça? Terá sido o desespero? E eu desespero? Porque? Qual é o problema do vazio, do nada? Porque é que ninguém me consegue convencer que Ele anda por aí? Se tantos acreditam, porque é que me é tão difícil acreditar? E posso eu, Saramago o lúcido, acreditar? Não haverá no acreditar um reconhecimento de fraqueza de raciocínio? Como a creditar num Deus que deixa que Caim mate Abel?
(excerto da última obra de Saramago)
in 'VISãO'
Comentário meu:
Ter dúvidas existenciais é saudável, caro Senhor Saramago. É, diria eu, um salutar exercício de inteligência.
Mas dizer as enormidades que o Senhor disse sobre a Bíblia (e olhe que eu, embora não sendo ateu como o Senhor - como bom e cumpridor comunista ortodoxo que é -, sou agnóstico; portanto não estou a tomar parte por ninguém !), caro Senhor Saramago, isso não fica bem a quem é considerado e/ou se considera uma figura pública. Mesmo que não queira respeitar regras nenhumas, embora aí se arrisque a ser considerado um marginal. Por isso, eu não gosto de si. Nem gosto dos seus livros. Exactamente por isso! Por o Senhor nem sequer querer respeitar as regras da ortografia. Porque não publica os seus livros em escrita hieroglífica?
Por muito rebeldes que sejamos - ou que pretendamos ser -, não nos podemos esquecer que estamos inseridos numa sociedade e há um mínimo (um mínimo que seja...) de regras a respeitar.
Respeite os outros, nomeadamente os cristãos católicos crentes, se quer ser respeitado. Mesmo num mundo (o seu...) sem regras, esta é uma regra inabalável e inalterável. Pense nisso, Senhor Saramago !
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Não vou comentar sobre o livro que este homem escreveu,
ainda não me sinto preparada,
acho que ainda estou em choque.
Mas o que aqui foi referido, merece todo o meu contentamento e aplausos.
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De: ZÉMANEL |
Enviado: 27/10/2009 00:54 |
Obrigado, minha querida Lúcia, pelas tuas simpáticas palavras e pelo apoio aos meus comentários.
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De: tulipa |
Enviado: 27/10/2009 20:02 |
Meu querido amigo Zé Manel, não me posso pronunciar sobre o livro polémico, porque não o li, nem tenciono lê-lo.
Agora, quero dizer-te que qualquer escritor pode escrever sobre o que a sua imaginação criar, mas, deve haver o decoro suficiente, para respeitar as ideologias dos outros, sem ofender as suas crenças religiosae e as entidades superiores que cada um venera.
O que doi, e revolta, é que houve tanto sururu à volta deste livro, que para o escritor vai ser a melhor publicidade e consequentemente mais vendas deste livro, porque muita gente vai querer ler , nem que seja por curiosidade.
Na minha modesta opinião, o Vaticano teve uma atitude inteligente, não comentando muito e dizendo que a religião católica estava acima de todas as considerações expostas no livro.
Um beijinho.
Dulce
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De: ZÉMANEL |
Enviado: 27/10/2009 20:07 |
Obrigado, minha querida Dulce, pelas tuas simpáticas palavras e pelo apoio aos meus comentários.
Eu também não li esse livro a não ser alguns excertos publicados na comunicação social. Devo dizer que não o tenciono ler, pois, se não gostava do Senhor Saramago, fiquei a gostar dele ainda menos. Além de escrever em mau Português, ainda é um 'troglodita'.... |
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De: tulipa |
Enviado: 27/10/2009 20:10 |
Meu amigo queria dizer e empolei no assunto para dar a minha opinião, que gostei muito da tua resposta e concordo em absoluto.
Eu para ler os livros dele, que até gostei do Memorial do Convento e a Jangada de Pedra, que me lembre, tinha que voltar atrás para mentalmente fazer eu a pontuação.
Bjos
Dulce |
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De: webcris |
Enviado: 27/10/2009 21:31 |
Não podemos esquecer que José Saramago foi galardoado com um prémio Nobel, devemos estar orgulhosos desse mérito atribuído a um Português.
Não podemos esquecer também, que o Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para um filme.
Adorei ler o Levantado do Chão, Memorial do Convento e a Jangada de Pedra.
Claro que Saramago è polémico e isso torna-o para muitos ainda mais apetecível porque foge à normalidade, gera controvérsia... por isso ou se gosta ou não de Saramago.
Claro que o uso que ele faz na sua escrita recorrendo a muitas metáforas torna os seus livros de dificíl compreeensão para muitos.
Sublinho que tentei ler por duas vezes o Envangelho Segundo Jesus Cristo e a dada altura não consigo ir para além da interpretação que Saramago faz ao humanizar Jesus.
Deve ser a minha veia católica e o que aprendi na catequese a falar mais alto.
Caim ainda não li, não posso prenunciar-me, vou esperar pelo Natal, quem sabe ele vem no sapatinho, porque não tenho intenção de o comprar. |
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De: ZÉMANEL |
Enviado: 28/10/2009 18:10 |
De facto, José Saramago, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.
Mas, quando eu vejo que é atribuido o Prémio Nobel da Paz a uma individualidade (apenas?) pelo facto de ser presidente de uma grande potência (sinceramente, devo ser muito obtuso, pois não consigo vislumbrar o que fez Obama em prol da Paz ....), deixo de crer em determinados valores, nomeadamente o valor dos prémios Nobel.
É uma realidade que os livros de Saramago vendem bem, mas não é igualmente uma realidade que uma pessoinha ignorante como a senhora Maitê Proença também escreveu livros que venderam bem?
E não é uma realidade que hoje em dia qualquer um de nós pode tornar-se 'escritor'?
Basta olhar à nossa volta para constatarmos que desde advogados até apresentadores de televisão todos são 'escritores'.... E alguns deles até já têm os seus livros filmados e novelados....
Tomo a liberdade de transcrever a seguir o que pensam dois portugueses sobre esta matéria.
Um, reconhecida figura pública, ensaísta, escritor e comentador político, licenciado em Filosofia por Lisboa e doutorado em História por Oxford : Vasco Pulido Valente. Ele escreveu o seguinte:
Uma farsa
Por Vasco Pulido Valente
O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito. Claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar, muito provavelmente contra a vontade dele. Mas, se há desculpa para Saramago, não há desculpa para o país, que se resolveu escandalizar inutilmente com meia dúzia de patetices.
Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários "camaradas" que não valiam nada, e vendeu milhões de livros, como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe, distinguir a mão esquerda da mão direita. E claro que o saloiice portuguesa delirou com a façanha. Só que daí não se segue que seja obrigatório levar a criatura a sério. Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica, à maneira latino-americana, de acordo com o tradição epigonal indígena. Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve.
Oregime de liberdade, aliás relativa, em que vivemos permite ao primeiro transeunte evacuar o espírito de toda a espécie de tralha. É um privilégio que devemos intransigentemente defender. O Estado autoriza Saramago a contribuir para o dislate nacional, mas não encomendou a ninguém? principalmente a dignatários da Igreja como o bispo do Porto - a tarefa de honrar o dislate com a sua preocupação e a sua crítica. Nem por caridade cristã. D. Manuel Clemente conhece com certeza a dificuldade de explicar a mediocridade a um medíocre e a impossibilidade prática de suprir, sobre o tarde, certos dotes de nascença e de educação. O que, finalmente, espanta neste ridículo episódio não é Saramago, de quem - suponho - não se esperava melhor. É a extraordinária importncia que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória.
O outro, é um ilustre desconhecido, de seu nome apenas Joaquim Carlos, que detém um blogue chamado PALAVROSSAVRVS REX e que se descreve da seguinte forma: Porque as palavras me são luz e instrumento explicitador de amor e inconformismo, de dor e de prazer; Porque as palavras me são garantia de esplendor carnívoro pela verdade toda, pela carcaça da realidade que só eu poderei devorar
Pois este Português anónimo escreveu esta, para mim belíssima, peça sobre a polémica levantada por Saramago:
«O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito. Claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar, muito provavelmente contra a vontade dele. Mas, se há desculpa para Saramago, não há desculpa para o país, que se resolveu escandalizar inutilmente com meia dúzia de patetices. Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários "camaradas" que não valiam nada, e vendeu milhões de livros, como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe, distinguir a mão esquerda da mão direita. E claro que o saloiice portuguesa delirou com a façanha. Só que daí não se segue que seja obrigatório levar a criatura a sério. Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica, à maneira latino-americana, de acordo com o tradição epigonal indígena. Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve. O regime de liberdade, aliás relativa, em que vivemos permite ao primeiro transeunte evacuar o espírito de toda a espécie de tralha. É um privilégio que devemos intransigentemente defender. O Estado autoriza Saramago a contribuir para o dislate nacional, mas não encomendou a ninguém? principalmente a dignatários da Igreja como o bispo do Porto - a tarefa de honrar o dislate com a sua preocupação e a sua crítica. Nem por caridade cristã. D. Manuel Clemente conhece com certeza a dificuldade de explicar a mediocridade a um medíocre e a impossibilidade prática de suprir, sobre o tarde, certos dotes de nascença e de educação. O que, finalmente, espanta neste ridículo episódio não é Saramago, de quem - suponho - não se esperava melhor. É a extraordinária importncia que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória.»
Adorei e subscrevo quase todas as suas palavras! Palavras que toda a gente consegue entender, sem metáforas e com todas as vírgulas no seu lugar....
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Zé
como sempre as tuas palavras acabam por dizer mais do que eu própria poderia dizer,
por isso nada tenho a acrescentar, sobre este livro há sempre algo a especular,
mas penso que tu já disseste o suficiente, e acabaste por acalmar um sentimento mau,
que tinha dentro de mim.
Obrigada.
Toda a minha admiração por seres a pessoa culta e justa que és.
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