A manhã ergue-se em arrepios, e numa invernal escuridão a chuva massaja a terra molhada sob folhas caídas e árvores despidas … são beijos de Outono.
O vento gelado invade nossos templos, despe-os com a precisão de mil lminas ansiando por carícias de fogo e grãos de café … são beijos de Outono.
Mares de castanhos e cinzas, corpos pesados de malhas e gangas, semblantes carregados e enfadados … são beijos de Outono.
Neste ninho de amor tudo são carícias e afectos, mudam-se os tons, as vontades, os caminhos e as estrelas, mas o sonho mantém-se.
Oiçam, prados despidos e corpos enregelados entre oceanos de chuva e tectos de ferro são beijos … de Outono.
(João Manso) |