Neste trabalho vamos falar de transplantes e dos diferentes temas que estes envolvem.
O transplante de órgãos e tecidos é um procedimento cirúrgico que procura substituir um órgão doente por outro normal de um doador compatível ou até mesmo alguém que tenha falecido recentemente.
Trata-se de um assunto bastante elaborado e com bastante complexidade. Os transplantes podem trazer benefícios a pessoas que afectadas por doenças, que de outro modo seriam incuráveis, ou até mesmo por acidentes. Este tipo de transferências pressupõe diversos riscos, tais como, rejeição do órgão transplantado ou mesmo complicações em órgãos vitais.
Devido a agentes patogénicos pode haver rejeição por parte do sistema imunitário. Quando o organismo é invadido por uma agente patogénico, desencadeiam-se mecanismos de defesa o que permite ao organismo reconhecer corpos estranhos ou anormais, neutralizando-os e eliminando-os.
O que é um transplante?
à transferência de células, tecido ou órgãos vivos de uma pessoa, a qual se dá o nome de dador, para a outra, o receptor, ou até de uma parte para a outra do corpo, dá-se o nome de Transplante. Esta prática é feita com a finalidade de restabelecer uma função perdida ou de reconstrução de uma parte do corpo.
A recorrência a um transplante pode trazer enormes benefícios às pessoas afectadas por doenças que, de outro modo, seriam incuráveis. As transfusões de sangue, que se realizam todos os anos em milhões de pessoas, são o tipo mais vulgar de transplantes. Quanto ao transplante de outros órgãos, pressupõe-se, na maioria dos casos, a procura de um dador compatível e da aceitação de uma série de factores de risco, pois o doente tem que enfrentar uma grande cirurgia onde poderão ser utilizados poderosos fármacos imunossupressores ou até a possível rejeição do órgão que poderá levar à morte.
Onde se pode encontrar os órgãos?
Os tecidos ou órgãos doados podem ser provenientes de uma pessoa viva ou alguém que tenha acabado de morrer, sendo que a taxa de sucesso é maior quando o órgão é originário de um dador vivo. No entanto, alguns órgãos só podem ser retirados de alguém que tenha morrido recentemente devido a um acidente e não por uma doença. Normalmente os dadores vivos são membros da família do receptor do órgão doado, sendo em maior número as doações de medula óssea e dos rins.
Alguns órgãos podem aguentar activos durante algumas horas fora do corpo humano, enquanto que outros conservam-se no frio durante dias até ser feito o transplante.
Quem não pode ser dador de órgãos?
Não podem ser considerados dadores, pessoas portadoras de doenças infecciosas incuráveis, cancro ou doenças que pela sua evolução tenham comprometido o estado do órgão.
As pessoas têm vida normal após um transplante?
Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais importantes são para evitar a rejeição (imunossupressores). Estes medicamentos, que devem ser administrados para o resto da vida, e podem causar uma série de efeitos não desejáveis. Para combater estes efeitos outros medicamentos devem ser tomados. As estatísticas mundiais mostram que a maioria (mais de 80%) das pessoas que receberam um coração por transplante, por exemplo, voltam às suas actividades anteriores.
No entanto, é necessário que haja um acompanhamento durante a recuperação do transplantado, em especial ao nível da imunidade, para verificar a aceitação por parte do organismo (vigilncia imunitária).
Qual o período de espera?
O tempo de espera é relativo. Tudo depende da disponibilidade de órgãos para transplantar, mas geralmente é pouco demorado pois os órgãos sobrevivem pouco tempo fora do corpo.
Actualmente, a causa das listas de espera serem prolongadas é a falta de dadores de órgãos.
Tipos de transplantes
A intensidade de resposta imune pode variar de acordo com o tipo de transplante.
Auto-transplante: tecido transferido de um local do corpo para outro sítio do próprio corpo ou utilização de células estaminais do cordão umbilical, por exemplo, excertos de pele.
Transplante Isogénico: transferência de órgãos ou tecidos entre indivíduos idênticos, como gémeos homozigóticos sem que ocorra rejeição.
Transplante Alogénico: neste tipo de transplantes são realizados entre indivíduos da mesma espécie, geneticamente diferentes, por exemplo, transplante de medula, que iremos referir posteriormente.
Transplantes Xenogénico: os tecidos ou órgãos são transplantados entre espécies diferentes, sendo obviamente um tipo de transplante com elevado grau de rejeição. No entanto, poderá ser uma alternativa no futuro, uma vez que há uma falta significativa de órgãos doados.
Enxertos de Pele
As pessoas que sofreram queimaduras extensas, por exemplo, ou outras perdas maciças de pele podem receber enxertos de pele. Este resulta melhor se for retirada pele sã de uma parte do próprio corpo. Quando não for possível efectuar esse enxerto, a pele de um dador, ou mesmo de animais (como os porcos), pode proporcionar uma protecção temporária até que cresça nova pele que a substitua.
Transplante de Medula
A medula óssea é um tecido de consistência mole que preenche o interior dos ossos longos e as cavidades esponjosas de ossos, como por exemplo os da bacia. É nesse tecido que existem células progenitoras, ou seja, com capacidade para se diferenciarem e dar origem a qualquer célula do sangue periférico. São as chamadas células progenitoras/estaminais. Estas células renovam-se frequentemente, mantendo um número relativamente constante.
Apesar de se falar de transplantação de medula óssea, de facto o que se faz é uma transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula do dador. Estas células saudáveis vão substituir as células doentes e são responsáveis pela formação de novas células saudáveis. A medula é um tecido que se regenera rapidamente, pelo que é possível fazer mais do que uma dádiva.
Quando é necessário este transplante?
Em doenças do sangue como a Anemia Aplástica Grave e em alguns tipos de leucemias, como a Leucemia Mielóide Aguda, Leucemia Mielóide Crónica, Leucemia Linfóide Aguda. No Mieloma Múltiplo e Linfomas, o transplante também pode estar indicado.
Anemia Aplástica: É uma doença que se caracteriza pela falta de produção de células do sangue na medula óssea. Apesar de não ser uma doença maligna, o transplante surge como uma alternativa para “substituir” a medula que já não é capaz de produzir por uma saudável.
Leucemia: É um tipo de cancro que compromete os glóbulos brancos (leucócitos), afectando sua função e velocidade de crescimento. O transplante surge como uma forma de tratamento complementar aos tratamentos convencionais.
Como é o transplante para o dador?
Antes da doação, o doador faz um exame clínico para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação.
A doação é feita por meio de uma pequena cirurgia, de aproximadamente 90 minutos, em que são realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 10%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.
Como é o transplante para o paciente?
Depois de se submeter a um tratamento que destrói a própria medula, o paciente recebe a medula saudável como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as quantidades dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a infecções e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento.