Notícia publicada na edição de 01/11/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Arte não tem função prática específica, pré-determinada. Serve para alimentar o espírito, tornar a vida melhor, o mundo menos chato, dar sentido às coisas. Quem faz as considerações é o desenhista, ilustrador e professor Paulo Pasta.
Convidado do ciclo de palestras promovido pelo Museu de Arte Contempornea de Sorocaba (Macs), ele estará na cidade, na terça-feira. Fala, no espaço São Bento, sobre “A pintura na Contemporaneidade”. A entrada para a atividade, que começa às 19h30, é gratuita.
O tema a ser abordado no encontro, ele admite, é amplo demais e comporta muitas leituras. Até por isso, Paulo vai discutir, e conversar com a assistência, sobre os aspectos problemáticos do fazer artístico.
Ao Mais Cruzeiro ele disse que a iniciativa de abrir espaço para o debate é das mais importantes. “Sorocaba é uma cidade em franco desenvolvimento, com universidades. É bastante saudável que o tema seja colocado e que se possa pensar arte de forma mais abrangente”, comentou.
E como estaria a produção artística nacional no momento?, quis saber a reportagem. “É difícil responder genericamente, mas vai bem, sim”. A arte brasileira, acrescentou o entrevistado, “tem muito vigor, inventividade, se renova”.
Paulo Pasta viveu a inusitada experiência de inaugurar, no Rio de Janeiro, uma exposição na noite do dia 11 de setembro de 2001, data do ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.
“Foi esquisito porque as pessoas não falavam nada, e quando falavam, eram comentários sobre o que tinha acontecido naquele dia. Ninguém viu a exposição”, contou.
Durante a entrevista, Pasta também falou do incidente que ocorreu no espaço onde eram mantidas as obras do artista Hélio Oiticica. “Felizmente, segundo noticiado, o estrago parece ter sido bem menor do que aquele que se pensava. Maiores foram as perdas do incêndio do MAM em 1978. Eu acredito que fica, do episódio, a lição para que sejam tomadas medidas para resguardar os acervos, que se usem instrumentos de segurança. Esperamos que outros não aconteçam.”
Ele que escreveu, à época, sobre a proposta de uma Bienal de Arte baseada no vazio, lembrou do episódio. Declarou que achou (e ainda acha) a ideia “um paradoxo”: “Acho que assistimos, ali, a uma crise de fundo institucional. Quando chegamos ao ponto de substituir a arte por discurso de curadora, ficamos no mesmo vácuo que foi sugerido. Eu costumo usar um ditado para falar a respeito: em casa que falta o pão, todo mundo grita, ninguém tem razão. Foi exatamente o que aconteceu nesse episódio. Sem arte não há razão, não existe riqueza, colorido, vida. Fica estabelecida a desordem. É como se tudo terminasse de forma desastrosa, descabida, olímpica”.
Paulo Pasta disse que, no momento, “está trabalhando”. “Não tenho nada planejado a curto prazo. Estou juntado material e devo realizar uma mostra. As coisas fluem um tanto quanto soltas nesse processo.”
Natural de Ariranha, interior de São Paulo, Paulo Pasta é formado em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Estudou desenho e gravura em metal com Evandro Carlos Jardim.
Fez cursos de litografia e serigrafia com Regina Silveira, e pintura, com Donato Ferrari e Carmela Gross. Atuou como arte-educador na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre 1983 e 1985.
Em suas obras utiliza uma gama cromática reduzida, explorando variações tonais. Em 1984, realizou sua primeira exposição individual na Galeria D. H. L., em São Paulo. Recebeu a Bolsa Emile Eddé de Artes Plásticas, em 1988.
SERVIçO:
Ciclo de Palestras do Museu de Arte Contempornea de Sorocaba
Terça-feira, dia 3, às 19h30, no Espaço São Bento (Largo São Bento, 144)
A entrada é franca
Informações: (15) 3234-3781 ou pelo e-mail macs@macs.org.br
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