Bem, para falar verdade, Portugal não está entregue às bruxas. Está, sim, entregue à bicharada. Não! Dizer isso seria um insulto aos 'bichos'. Direi antes que Portugal está entregue às feras. Feras predadoras.
Mas isso são outras estórias e não é delas que eu queria falar agora. Até porque não quero 'envenenar' o vosso resto de tarde de domingo....
O que eu queria mesmo era falar de ... BRUXAS.
Eu não acredito em bruxas, mas, como dizem os 'nuestros hermanos' : 'no creo en brujas, pero que las hay, hay!'
Mas também não era dessas bruxas que eu queria falar....
É que, como não coloquei nenhuma mensagem respeitante ao chamado 'Dia das Bruxas' nem respondi a nenhuma das várias colocadas e abordando este tema, fiquei receoso que pensassem que eu era supersticioso.
Não o sou. Bem, melhor dizendo, talvez até seja um bocadinho. Quanto baste. Mas não sou do tipo que receia o dia '13' ou os gatos pretos. Mas confesso que evito passar por debaixo de uma escada. Quanto mais não seja para evitar que me caia algo em cima da cabeça. E como já nem tenho protecção capilar q.n., seguramente que uma simples micropartícula de argamassa lançada à toa à parede por um qualquer descuidado trolha iria provocar alguns danos colaterais no meu crneo. E como já dizem por aí que não bato bem da bola, então é que eu iria ficar mesmo 'xoné'....
Mas, afinal, também não era sobre a minha cabeça que eu queria falar.
Era sobre bruxas, ou melhor dizendo sobre o seu dia (em bom português, 'áluíne'...).
Pois, como ia dizendo, não me pronunciei sobre o tal dito dia porque discordo total e absolutamente de tal comemoração. Porque ela não é uma tradição nossa. Mas, sobretudo, porque estamos esquecendo as nossas tradições e comemorando eventos que nada têm a ver com o nosso país.
A origem do 'halloween' remonta às tradições dos povos que habitaram as ilhas do que é hoje a Grã-Bretanha entre os anos 600 A.C. e 800 D.C., embora com marcadas diferenças em relação às actuais abóboras ou à famosa frase 'Gostosuras ou travessuras' (trick or treat) exportadas pelos Estados Unidos e que popularizaram a comemoração.
Originalmente, o 'halloween' não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro e que marcava o fim do verão ('samhain' significa literalmente 'fim do verão')
Desde o século IV que a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar 'Todos oa Mártires'. Três séculoas mais tarde, o Papa Bonifácio IV, transformou um templo romano dedicado a todos os deuses num templo cristão e dedicou-o a 'Todos os Santos', a todos os que o tinham precedido na fé. A festa de Todos os Santos era inicialmente festejada no dia 13 de Maio, mas o Papa Gregório III mudou a data para o dia 1º de Novembro. Mais tarde, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos-os-Santos fosse celebrada universalmente.
Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 sw Outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada 'All Hallows' Eve' (vigília de todos os santos), passando depois pelas forma All Hallowed Eve e All Hallow Ean até chegar à actual palavra HALLOWEEN.
Essa designação perpetuou-se e a comemoração do Halloween, levada até aos Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses (povo de etnia e cultura celta) no século XIX, ficou assim conhecida como 'dia das bruxas', uma lenda histórica.
Se analisarmos o modo como o Halloween é comemorado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha ao princípio. Além disso, foi sendo, pouco a pouco, incorporada toda uma série de elementos estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos-Os-Santos.
Daí que eu concluo que esta celebração nada tem a ver com a nossa cultura e a nossa tradição e se limita a ser uma exportação forçada por parte dos Estados Unidos.
Em mensagens separadas irei abordar algumas das nossas tradições desta época do ano que, infelizmente, têm vindo a ser abandonadas a favor de comemorações que nada têm a ver com o nosso Povo. Falo do dia de Finados e do dia de S. Martinho e da sua comemoração sob a forma de 'magusto'
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