
Não sei se vocês conhecem a Beth Ditto, vocalista da banda indie americana The Gossip. Se você nunca ouviu falar dessa figuraça prepare-se pois ela vai invadir a mídia daqui a pouco e vai repetir o fenômeno Amy Winehouse: desconhecida do grande público num dia e super exposta pela mídia causando cansaço nesse mesmo público, no outro.
A The Gossip já tem 10 anos de shows em porões malcheirosos, festivais mambembes e bares mal frequentados dos EUA e do mundo, mas só há cerca de dois ou três anos é que saíram do limbo indie e ganharam as capas das revistas especializadas como a Mojo, Q e a NME.
Foi o álbum “Standing in the Way of Control” de 2006 - cuja canção título é uma forte crítica ao governo Bush e sua política de proibição do casamento homossexual - e é claro, sua curiosa crooner, que fez o The Gossip cair na boca do povo descolado e ganhar o mundo.
E ouso dizer que tanta atenção assim não se deve tanto à qualidade de suas músicas (que não são ruins de modo algum, Beth aliás, canta MUITO BEM, mas a banda não tem nada de novo) mas sim à figura controversa de Beth, uma ótima “peça de marketing”.
Em um exemplar da NME de 2006, aliás, a roliça garota saiu nua na capa seguida dos dizeres: “The Coolest Person in Rock” - onde a vocalista ocupa o primeiro lugar na “cool list” do famoso semanário inglês, um lugar disputadíssimo por personalidadezinhas wannabe da indústria da música.

Em 2007 também foi nomeada “a garota mais sexy” da NME e em 2008 também, mas perdeu para Kate Moss.
Mas porque afinal ela faz tanto barulho? Ora, porque é a antítese do que a mídia dita que é moda.
Ela é gorda, feia, lésbica, árdua defensora dos direitos homossexuais, namorada de um traveco, junkie, punk, exibicionista - (ela adora tirar a roupa nos shows da banda e já posou nua para as revistas dirigidas ao publico homossexual feminino Curve e On Your Back), encrenqueira, mal-educada, sem papas na língua e é ótima no que faz, uma cantora de mão (e corpo, diga-se de passagem) cheia, uma ótima frontwoman, que consegue segurar um show do começo ao fim, mantendo o público animado, satisfeito e envolvido, tudo que se espera de um show de rock.

Beth ganhou tanta projeção nos últimos anos que mantém uma coluna semanal no jornal inglês The Guardian, entitulada “What Would Beth Ditto Do?” (o que Beth Ditto faria?), regravou canções famosas do brit pop como “Temptation” do Pulp, sob a benção, supervisão e produção do próprio Jarvis Cocker e já está gravando um disco solo.
O que eu penso de tudo isso? Acho o MAIOR BARATO.
Acho legal. Não, não acho Beth bonita, mas acho legal alguém totalmente fora dos padrões vigentes ganhar a atenção do público desse jeito.
Se bem que isso “é uma faca de dois legumes” o alternativo ganha o mainstream e acaba tornando-se mainstream, o que é algo que ABOMINO, mas acho legal isso da Beth porque dá à muitas gordinhas, recalcadas, envergonhadas, infelizes, doentes, com uma auto-estima destruída pela mídia e pelo preconceito, a chance de finalmente sairem da concha e acreditarem em si.

Muitas são talentosas como ela, tem uma personalidade marcante, são sexies e foram talhadas para o showbizz, como Ditto e só precisavam de um modelo.
Habemos Beth Ditto. Uma modelo de peso.
Preparem-se. Daqui a pouco as modelos serão roliças…vai saber?
E se você nunca ouviu The Gossip, ouça.
