As coisas têm muitos jeitos de ser

Depende do jeito da gente ver:

O comprido pode ser curto

E o pouco pode ser muito

O manso pode ser bravo

O escuro pode ser claro

O fino pode ser redondo

O doce pode ser amargo

O quente pode ser frio

E o que parece um mar

Também pode ser um rio.

Porque será que numa noite

A lua é tão estreitinha e fininha

E noutra noite ela ficar tão redonda e gordinha

Pra depois ficar de novo estreitinha?

Depende do que?

Depende DO DIA que a gente vê!

Que comprido é o rabo de uma vaca

Mas, se a mosca sentar

Lá em cima do focinho,

Não adianta nem tentar

O rabo fica curtinho

E só dá pra abanar até

O meio do caminho!

Quem já não se queimou num pedaço de gelo

E sentiu muito frio

Depois de um banho quente

Não pode se espantar

Do frio poder queimar e

Do quente também esfriar!

Uma árvore é tão grande

Se a gente olha lá pra cima,

Mas, do alto de uma montanha

Ela parece tão pequenininha?

Depende do que?

Depende de ONDE a gente vê!

O Domingo é tão curto e

Os outros dias duram tanto!

Nas horas eles são iguais.

A diferença deve estar

Naquilo que a gente faz!

O amanhã de ontem é hoje

E hoje é o ontem de amanhã.

Dá até pra perguntar

Se o amanhã nunca chega!

E dá também pra pensar...

Ontem, hoje e amanhã

Depende do que?

Depende do jeito que você vê!

Como pode uma colher cheia de doce

Parecer tão pouquinho que não dá nem pra sentir?

E cheia de remédio parecer tanto

Que não dá nem pra engolir?

O pouco pode ser muito

O quente pode ser frio!

Será que tudo está no meio

E não existe só o bonito ou só o feio?

O comprido pode ser curto

E o pouco pode ser muito!

Parece mesmo que, no fim,

O bom pode ser ruim

E, nesse caso, porque não o ruim

Também poder ser bom?!

Curto ou comprido,

Bom ou ruim

Bonito e feio

São jeito das coisas ser

Depende do jeito da gente ver

Ver de um jeito agora

E de outro depois...

Ou, melhor ainda,

Ver na mesma hora os dois!