Nos umbrais do pensamento
Mora o desejo no limite da razão
Roubando os segredos do corpo
Lançando ao vento a emoção
Uma rosa breve guarda a beleza
O amor é orvalho de feliz pranto
O horizonte é o começo do infinito
A chegada de uma onda é alegro canto
As pequenas coisas são traços
De singela tatuagem na areia
Que o mar aprisiona no azul
Pelos braços da maré-cheia
O curso errante do teu espírito
É gaivota fugida à tempestade
Perdida num manto de bruma
Sentindo do mar a saudade
Teus passos não deixam marcas
O teu mar tem a cor da ilusão
Um canto liberto foge amargura
Que te assaltou o coração
Esta terra prende-te os pés
Este abismo clama por um céu azul
As palavras devoradas pelo silêncio
Jazem em ilha perdida no sul
Onde moram as tempestades
Onde os Deuses se divertem
Onde as hortênsias não medram
Onde os sonhos se subvertem
Sussurra a noite esta verdade
Nas espigas de Lua da tua cabeça
O teu coração escolheu os meus olhos
Para encontrar o rumo da tua incerteza
Uma sombra foge à luz
Uma lágrima põe-te a vista turva
Será que o teu rosto é ribeiro de sal
Ou recebeste…O beijo da chuva…