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Marie-Bernard Soubirous ou Maria Bernada Sobeirons em occitano (Lourdes, 7 de Janeiro de 1844 — Nevers, 16 de Abril de 1879) foi uma religiosa francesa canonizada pela Igreja Católica.
Filha de um pobre moleiro chamado Francisco Soubirous e de Luísa Castèrot, Bernadette foi a primeira de nove filhos. Na sua infncia trabalhou como pastora e criada doméstica. O pai esteve preso sob a acusação de furto de farinha, contudo foi absolvido. [1]
Durante os dez primeiros anos viveu no moinho de Boly (onde nasceu). Depois, passando por graves dificuldades financeiras, a família muda-se para Lourdes onde vive em condições de miséria, morando no prédio da antiga cadeia municipal que fora abandonado pouco tempo antes. Apesar de parecer insalubre, moravam no andar superior do edifício, o do primo de Francisco Soubirous, pai de Bernadette, junto à sua mulher e seus filhos. Era um buraco infecto e sombrio, a divisão inabitável da antiga prisão abandonada por causa da insalubridade.
Desde pequena, Bernadete teve a saúde debilitada devido à extrema pobreza de sua habitação. Nos primeiros anos de vida foi acometida pela cólera, o que a deixou extremamente enfraquecida [2]. Em seguida, por causa também do clima frio no inverno, adquiriu aos dez anos uma asma. Tinha dificuldades de aprendizagem e na catequese, o que fez com que a sua primeira comunhão fosse atrasada. Não pôde freqüentar a escola e até os quatorze anos mantém-se estritamente analfabeta.
Em Lourdes, uma cidade com população em torno de quatro mil habitantes, no dia 11 de fevereiro de 1858, Bernadete disse ter visto uma aparição de Nossa Senhora numa gruta denominada "massabielle", o que significa, no dialeto birgudão local - "pedra velha" ou "rocha velha" - junto à margem do rio Gave, aparição que de outra vez se lhe apresentou como sendo a "Imaculada Conceição", segundo o seu relato. [3]
Enquanto o assunto era submetido ao exame da hierarquia eclesiástica que se comportava com cética prudência, curas cientificamente inexplicáveis foram verificadas na gruta de "massabielle". Em 25 de fevereiro de 1858, na presença de uma multidão, por ocasião de uma das suas visões, surgiu sob as mãos de Bernadete uma fonte que jorra água até os dias de hoje no volume de cinco mil litros por dia.
De acordo com o pároco da cidade, padre Dominique, que bem a conhecia, era impossível que Bernadete soubesse ou pudesse ter o conhecimento do que significava o dogma da "Imaculada Conceição", então recentemente promulgado pelo Papa. Afirmou ter tido dezoito visões da Virgem Maria no mesmo local entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858.
Afirmou e defendeu a autenticidade das aparições com um denodo e uma firmeza incomuns para uma adolescente da sua idade com o seu temperamento humilde e obediente, nível de instrução e nível sócio-econômico, contra a opinião geral de todos na localidade: sua família, o clero e autoridades públicas. Pelas autoridades civis foi submetida a métodos de interrogatórios, constrangimentos e intimidações que seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até a sua morte.
Para fugir à curiosidade geral, Bernadete refugiou-se como "pensionista indigente" no hospítal das Irmãs da Caridade de Nevers em Lourdes (1860). Ali recebe instrução e, em 1861, faz de próprio punho o primeiro relato escrito das aparições. No dia 18 de janeiro de 1862, Monsenhor Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconhece pública e oficialmente a realidade do fato das aparições.
Em julho de 1866 Bernadette inicia o seu noviciado no convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de 1867, faz a profissão de religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers. Dedicou-se à enfermagem até ser imobilizada, em 1878, pela doença que lhe causou a morte. [1][2]
Uma imensa multidão[1] assistiu ao seu funeral no dia 19 de abril de 1879 que foi necessário ser adiado por causa da grande afluência de gente, totalmente inesperada. Em 20 de agosto de 1908, Monsenhor Gauthey, bispo de Nevers, constitui um tribunal eclesiástico para investigar "o caso Bernadette Soubirous".
[editar] Centro de peregrinações
Casa da Família Soubirous.
Em virtude das supostas manifestações divinas nos arredores da cidade, uma relativamente grande massa peregrinatória se forma em destino à gruta, estimulados pelos rumores de curas miraculosas por intermédio da água de uma certa fonte que brotara há pouco no exato local onde a "Senhora de Lourdes" teria aparecido A pedido do comissário Jacomet da polícia de Lourdes, o prefeito da cidade Alexis Lacadé toma a decisão de proibir, a partir de 8 de junho de 1858, o acesso à gruta. No mes de setembro de 1858 o Imperador Napoleão III e a Imperatriz Eugênia estão em Biarritz. A imperatriz está bem informada dos acontecimentos ocorridos em Lourdes e o imperador decide pedir explicações ao arcebispo de Auch, metropolitano de Tarbes e Lourdes. Depois, determina ao ministro de Cultos que "deseja que o acesso à gruta fique livre, como também o uso da água do manancial." No dia 2 de outubro levanta-se a proibição de acesso à Gruta de Massabielle. Lourdes, rapidamente, tornou-se um dos mais importantes centros de peregrinação da cristandade.[3]
[editar] Milagres em vida
[editar] O milagre do círio
Segundo o seu biógrafo Francis Trochu os fatos foram acompanhados de perto pelo doutor Douzous, na época médico de Lourdes, de aspecto burguês, conhecido por sua ciência e filantropia, não era freqüentador da Igreja salvo em eventos sociais ou festas oficiais. Em razão do "milagre do círio" em 7 de abril, durante a 17ª aparição, se convence da boa-fé de Bernadete. Neste dia o médico observa que enquanto se encontrava em "êxtase" Bernadete tinha na mão direita um círio grande aceso, e a uma certa altura, todos viram com assombro e pavor a chama do círio enrolar-se à volta da sua mão esquerda sem a queimar[4].
O médico observa o fenomêno com atenção com o relógio em punho: o acontecimento durou um quarto de hora. Ao fim do êxtase examinou a mão de Bernadete e não viu sinal de queimadura. Tenta então aproximar a chama das suas mãos após a sua volta ao estado normal, o que a faz reagir e gritar: "Mas o senhor está a queimar-me". Perplexo o médico declara abertamente acreditar por ter visto com os próprios olhos.
[editar] A cura de uma deficiente
Catarina Latapié, proveniente de uma queda de um carvalho, na qual subira para tirar bolotas para os porcos, teve o braço deslocado e dois dedos da mão direita dobrados e paralisados. 0 fato aconteceu em outubro de 1856 e o médico só conseguiu consertar o seu braço, mas os dedos não tiveram jeito. E isto a impedia de fazer o seu trabalho, não a deixava tricotar e nem fiar, estava sendo a sua ruína.[4]
Apesar de encontrar-se grávida de 9 meses, saiu a pé de sua casa na noite do dia 28 de fevereiro, para Lourdes, distante 7 quilômetros, levando os seus dois filhos mais novos. Assiste a Aparição do dia 1º de março e faz fervorosas preces a Deus por intercessão de Nossa Senhora, pedindo a sua cura. Terminada a aparição, sobe até o fundo da gruta e mergulha a mão na fonte que tinha formado, cujas águas deslizavam mansamente formando um pequeno regato que corria para o Gave.[5]
[editar] A cura de um Tuberculoso
Uma mãe cujo filho jazia Tuberculoso e desenganado pela medicina, vai até o Convento onde Bernadete se encontrava, levando consigo a coberta do berço da criança, com pretexto de que o bordado não estava terminado. Sempre disposta a ajudar, Bernadete termina o bordado da manta, decorando-a com motivos e rendas rebuscadas. Após pôr a criança doente no berço forrado, este se cura miraculosamente de sua enfermidade.[6]
[editar] A cura de um Aleijado
Aconteceu em outra oportunidade, que uma mãe com sua filha portando uma incurável enfermidade que a impedia de andar, decidiu levá-la ao Convento, porque a medicina nada mais podia fazer por ela. Enquanto falava à mãe, a Madre confiou-a aos braços de Bernadete, recomendando, sobretudo, que não a pusesse no chão; quando a Superiora veio procurá-la, encontrou-a chorando, com receios de ser censurada. A criança debatera-se de tal modo nos seus braços, que se viu obrigada apesar da proibição, colocá-la no chão, por onde andava e corria com toda alegria, em volta dela.[7]
[editar] Impacto de suas visões
Assim como qualquer local onde houve ou há manifestações de uma força sobrenatural, Lourdes é hoje um grande centro de peregrinação católica, com cerca de 6 milhões de visitantes anuais,[8] interessados não somente no turismo religioso, mas também na história, arquitetura e belezas naturais singulares da pequena cidade.[9] Tal massa turística injeta dezenas de milhões de dólares no comércio geral, o que transforma Lourdes numa parte importante do PIB francês. Além disso, as visões de Bernadette, junto às de Fátima em Portugal, foram as mais famosas de uma série de manifestações Marianas que fortaleceram ainda mais o culto à Nossa Senhora como mãe de Deus. Houve também a confirmação do dogma da Imaculada Conceição, que fora declarado pelo Papa pouco tempo antes.[10]
[editar] Canonização
Foi canonizada em 8 de Dezembro de 1933, festa da Imaculada Conceição, pelo Papa Pio XI como Santa Bernadete de Lourdes, depois de terem sido reconhecidas pela Santa Sé a heroicidade das suas virtudes pessoais e curas milagrosas a ela atribuídas após a sua morte. Sua festa litúrgica é celebrada na Igreja Católica no dia 16 de abril. Na França, é celebrada no dia 18 de fevereiro. A ela têm sido atribuídos vários milagres. Em 1983 o Papa João Paulo II esteve em Lourdes em peregrinação e ali retornou em agosto de 2004.
[editar] Veneração popular
Bernadette Soubirous é, seguramente, uma das personalidades feminimas mais venerada por dulia ao redor do mundo. Tal título, pode ser expresso pelo relativamente curto período tempo a qual foi sujeita às burocracias impostas pela Santa Sé para que lhe fosse autorizado o culto público legal. O fato de seu corpo incorrupto (o qual lhe rendeu o nome popular de "Santa Dormente"), seus supostos milagres não-póstumos e as crenças acerca de suas visões da Virgem Maria em Lourdes, foram fatores decisivos para que a população de Nevers, onde morreu, da França e até mesmo da Europa rapidamente a incorporassem como santa, até mesmo antes de sua morte. Pressionados pela grande massa popular que queria Bernadette canonizada, o então Papa autorizou seu culto como venerável.
[editar] Corpo Incorrupto
Corpo intacto de Bernadette. Após quase 150 anos, não há o mínimo sinal de putrefação.
Trinta anos após o velório, seu cadáver foi exumado e o corpo encontrado intacto.[11] Em 23 de outubro de 1909 é aberto o processo ordinário na Sagrada Congregação de Ritos, em 13 de agosto de 1913 segue-se o processo apostólico sob o controle direto da Santa Sé; a 18 de novembro de 1923 o Papa Pio XI assina o decreto que reconhece a heroicidade das virtudes de Bernadette.
Pouco tempo antes de sua beatificação, efectuada em 12 de Junho de 1925, foi feito um segundo reconhecimento do corpo, que continua intacto. As freiras cobriram seu rosto e as mãos com uma camada fina de cera e, desse jeito, foi colocada dentro de uma urna transparente. O seu corpo continua incorrupto ainda e pode ser visitado no Convento de Saint Gildard de Nevers, dentro de uma urna de cristal.[12]
Desde 1856 funciona no Santuário o Bureau de constatations médicales (Comissão de exames médicos) que é chefiado por um médico indicado pelo bispo de Tarbes. As curas ali ocorridas e aparentemente inexplicáveis do ponto de vista científico são examinadas pelo chefe do bureau e por uma junta especialmente convocada para o ato, formada por todos os médicos que porventura se encontrarem em Lourdes no momento, independentemente da sua religião. Se mais de três quartos dos integrantes da junta considerarem que a cura é inexplicável o caso é submetido ao Comitê Médico Internacional de Lourdes.
O Comitê é formado por vinte médicos notáveis de várias especialidades e de diversas nacionalidades e religiões, inclusive ateus e agnósticos; se pelo voto de dois terços considerarem o caso "inexplicável pela ciência" o assunto é encaminhado ao bispo da diocese da pessoa curada que, depois de examinar aspectos morais, teológicos e canônicos, pode declarar ou não a ocorrência de milagre.
O Comitê tem sido rigoroso, apesar da grande fama de Lourdes como centro na realização de curas (mais de sete mil já foram listadas), o comitê até ao ano de 2004 reconheceu apenas 66 curas[13] realmente inexplicáveis do ponto de vista médico e científico.
O principal biógrafo de Bernadette é Francis Trochu que trata amplamente do caso das aparições, apoiando-se em testemunhos e documentos de época.
[editar] Sesquicentenário das aparições
Em 5 de dezembro de 2007 a Santa Sé tornou público decreto em que o Papa Bento XVI concede aos fiéis a indulgência plenária por motivo do 150º. aniversário das "aparições da Bem-aventurada Virgem Maria" em Lourdes (In occasione del 150° anniversario della manifestazione della Beata Vergine Maria nella Grotta di Massabielle, vicino a Lourdes). De acordo com o decreto, que foi subscrito pelo cardeal James Francis Stafford e pelo bispo Gianfranco Girotti, O.F.M. Conv., respectivamente Penitenciário Maior e Regente da Penitenciária Apostólica aqueles que fizerem uma peregrinação a Lourdes entre 8 de dezembro de 2007 e 8 de dezembro de 2008 e cumprirem as condições estabelecidas ou "Se de 2 de fevereiro de 2008 (…) até 11 de fevereiro de 2008, memória litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria de Lourdes e 150º. aniversário da aparição, visitam em qualquer templo, oratório, gruta ou lugar decoroso a imagem bendita da Virgem Maria, exposta solenemente à veneração pública e ante a mesma participam em um ato de devoção mariana ou ao menos recolhem-se em meditação e concluem com a oração do Pai Nosso, o Credo (…) e a invocação da Bem-aventurada Virgem Maria."[14][15][16]