Hilário de Poitiers

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A ordenação de Santo Hilário. De um manuscrito do século XIV

Hilário de Poitiers (Poitiers, 315 c.a - Poitiers, 13 de janeiro de 368), filósofo e escritor, é venerado como santo pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana. Foi bispo de Pictavium - atual Poitiers, e Doutor da Igreja desde 1851, proclamado pelo Papa Pio IX. Ficou conhecido pela sua luta contra a heresia ariana. Era referido como malleus Arianorum ("martelo contra arianos") e Atanásio do Oeste.

Hilário nasceu em uma família pagã, abastada, que lhe proporcionou educação e instrução privilegiada. Procurou na filosofia do seu tempo, a luz da verdade plena sem a encontrar, até conhecer e aceitar o Evangelho como a suprema fonte de luz e verdade.

Converteu-se com 30 anos tendo então sido batizado, e em seguida toda a família. Por esta época, findas as perseguições religiosas, a Igreja começou a viver um tempo de paz, mas isso no exterior, mas interiormente a heresia do arianismo deu origem a conflitos internos.

Em 353, Hilário foi eleito e ordenado bispo, seguro de ser esta a vontade de Deus, deixou tudo por amor e serviço ao "Reino". Dentre as suas características, ele soube usar de doçura e persuasão com a intransigência mais corajosa, tanto para governar como para lutar contra o arianismo. Devido à sua pregação, foi exilado pelo imperador Valentiniano I.

Santo Hilário caracterizou, com uma frase, sua têmpera de defensor da fé cristã: "Enganam-se os que crêem que conseguirão me fazer calar: falarei pelos escritos; e a Palavra de Deus, que ninguém pode destruir, voará livre".

Antes de falecer, no ano de 367, Santo Hilário escreveu muito, a fim de propagar e defender a Doutrina da ortodoxia, até que voltou do desterro para sua terra e para a diocese de Poitiers. Devido à sua resistência enérgica a heresia não imperou.

Sobre ele disse Bento XVI, em alocução, em 10 de outubro de 2007:

"Hilário teve um papel decisivo para que a Gália, a antiga França, filha primogênita da Igreja, mantivesse sua fidelidade à fé dos apóstolos, particularmente no sínodo de Paris, celebrado no ano 360 ou em 361. Alguns autores antigos consideram que esta mudança antiariana do episcopado da Gália se deveu em boa parte à fortaleza e mansidão do bispo de Poitiers.

Esta era precisamente sua qualidade: conjugar a fortaleza na fé com a mansidão na relação interpessoal. De fato, a mensagem central da obra teológica que Hilário de Poitiers deixou escrita é antes de tudo uma mensagem de amor.

"Deus só sabe ser amor, e só sabe ser Pai. E quem ama não é invejoso, e quem é Pai o é totalmente", dizia o bispo segundo um de seus escritos. Por este motivo, o Filho é plenamente Deus sem falta ou diminuição alguma, dizia Hilário". "Quem procede do perfeito é perfeito, porque quem tem tudo lhe deu tudo", afirmava o doutor da Igreja. "Só em Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, a humanidade encontra a salvação."

A Igreja Católica o inscreveu no Martirológio Romano no dia 14 de janeiro.

[editar] Obras

Deixou escritos exegéticos e teológicos, dentre eles são mais conhecidos:

De Trinitate onde defende a "consubstanciação" do "Filho" com o "Pai", em oposição ao arianismo.
Inni, recuperada em 1887, de fundo doutrinal.
Contra Arianos vel Auxentium Mediolanensem liber
Contra Constantium Augustum liber
Commentarius in Evangelium Matthaei
Tractatus super Psalmos (obra muito influenciada por Orígenes).

A sua obra foi publicada por Erasmo de Rotterdam em Basiléia em 1523, 1526 e 1528.