[editar] Difusão da arquitetura renascentista na Europa
A
Queen's House (
1616), em
Londres é exemplar da difusão tardia da arquitetura renascentista nos demais países europeus
O Renascimento caracterizou-se como um movimento praticamente restrito ao universo cultural italiano durante seus dois primeiros séculos de evolução (entre os séculos XIV e XVI, aproximadamente), período durante o qual, no restante da Europa, sobreviviam estilos arquitetônicos, em geral, ligados ao gótico ou ao tardo-romnico. No seu auge, na Itália, porém, a estética clássica começou a ser difundida em diversos países europeus devido a motivos diversos (como guerras, anexações de territórios, pelo fato de os artistas italianos viajarem pela Europa ou serem contratados por cortes diversas).
Independente das razões, é certo que esta difusão fatalmente se dará já pela assimilação de certos ideais anticlássicos trazidos pelo maneirismo, estilo em voga naquele momento (início do século XVI). É um momento em que a tratadística clássica está plenamente desenvolvida, de forma que os arquitetos, de uma forma geral, possuem um bom domínio das regras compositivas clássicas e de sua canonização, o que lhes permite certa liberdade criativa. Esta leve liberdade de que gozam os artistas do período será naturalmente absorvida pela produção renascentista dos países fora do espectro cultural italiano. Há que se notar, porém, que existem estudiosos que não consideram o maneirismo como um movimento ligado ao Renascimento, mas um estilo novo e radicalmente contrário a este. Desta forma, a produção dita maneirista dos demais países europeus pode vir, eventualmente, a não ser considerada como uma arquitetura genuinamente renascentista. Em certo sentido é possível dizer, segundo tal ponto de vista, que tais países "pularam" diretamente de uma produção tipicamente medieval para uma arquitetura pós-renascentista (como na França).
Como as formas de difusão diferem de país para país, ainda que a arquitetura produzida por aqueles países neste momento seja efetivamente renascentista, existe um Renascimento diferente para cada região da Europa (pelo menos do ponto de vista arquitetônico). Será possível falar em um Renascimento francês, um Renascimento espanhol e um Renascimento flamenco, por exemplo.
Em Portugal, as formas clássicas difundir-se-ão apenas durante um breve período, sendo logo substituídas pela arquitetura manuelina, uma espécie de releitura dos estilos medievais e considerada por alguns como o efetivo representante do Renascimento neste país, ainda que prossiga uma estética distante do classicismo (insere-se, de fato, no Estilo gótico tardio).