A revolta enquanto substrato humano
A revolta - na noção anarquista, a força "humano-social", a oposição enérgica e incisiva contra qualquer forma de autoridade material ou abstrata - é marginalizada tanto no historicismo, nas compreensões da realidade baseadas em experiências passadas, quanto na sua operação no contexto subjetivo, da função dela na vida do indivíduo. Por ser uma força temida, quase sempre hermética e combatida em quaisquer culturas, a revolta é considerada e difundida como uma expressão artificial do ser humano, suscitada por fatos, por situações externas ao ser. Nesse sentido, segundo os teóricos libertários, uma das maiores características dos anarquistas é a compreensão da revolta enquanto um substrato humano, enquanto uma virtude absolutamente natural e efetivamente produtiva nos desenvolvimentos humano e social. Em outras palavras, para os anarquistas, a revolta é, assim como o amor, o afeto, a paz, a harmonia e a sabedoria, uma força imanente à própria mente humana. Para eles, o que define a efetividade da revolta é a forma como ela ultrapassa a sua condição abstrata, na mente de cada um, para se consolidar em ações, em transformação social