A importncia dos periódicos
Intensificou-se também a actividade de propaganda libertária. Ao longo de 10 anos, a partir de 1886, surgiram 24 periódicos. A maior parte não durou mais de 10 números. No entanto, o jornal “A Revolução Social” de 1887 do Porto publicou-se ao longo de 48 números. “A Revolta”, fundada em 1889, no Porto, publicou 19 números. “A Revolta” (2ª série), de 1892, de Lisboa publicou 44 números. “A Propaganda” criada em 1894, em Lisboa, publicou 61 números. Houve também periódicos noutras cidades como Coimbra, Covilhã e Aveiro.
Nessa época, fazia-se sentir repressão sobre os anarquistas, nomeadamente em 1893 e 1886, ano em que surgiu a lei antianarquista. Este novo instrumento repressivo permite doravante a prisão de quem quer que seja que «apoie, defenda ou incite, oralmente ou por escrito, a acção subversiva(...) ou que professe as doutrinas anarquistas». A imprensa ficou formalmente proibida de se fazer eco dos atentados, dos inquéritos policiais e do desenrolar dos processos. A mínima alusão, mesmo velada, implicava a suspensão do jornal, a penhora das publicações, e obrigava as tipografias a uma pesada multa de 500 mil réis.
Graças aos métodos expeditivos, a justiça portuguesa lança assim para deportação, para a Guiné-Bissau, para Moçambique e sobretudo para Timor, algumas «centenas de operários» perigosos ou suspeitos.
Apesar da perseguição, foram publicados alguns jornais clandestinos como “O Petardo Anarquista” (Aveiro, 1896) e “O Revoltado” (Coimbra, 1898). Mais tarde surgiram “O Germinal” (Lisboa, 1900) e “O Agitador” (Porto, 1901).
Em 1908, surgiu “A sementeira” que durou 11 anos, embora com uma suspensão, sendo a publicação anarquista de maior longevidade e que reuniu um mais vasto e qualificado conjunto de colaboradores, até 1919.
Com a 1ª guerra mundial, dá-se a divisão do movimento anarquista e o jornal “A Aurora”, a tendência antibelicista acusa os “anarco-guerreiros” de terem esquecido os ideais pacifistas e de empurrarem os países para uma aventura militarista de incalculáveis consequências.
Simultaneamente, organiza-se o sindicalismo, de tendência sindicalista revolucionária e anarcossindicalista. A União Operária Nacional é substituída pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) em 1919. É então criado o diário «A Batalha» que foi fechado pela ditadura pré-fascista em 1927. É de referir que a CGT aderiu à AIT em 1923.
“A Batalha” tinha uma grande tiragem e era muitas vezes lida em voz alta nas cantinas das fábricas, porque muitos operários eram analfabetos. Era por isso o jornal que chegava a um maior número de pessoas.
No início dos anos 20, surgiram vários jornais libertários como o semanário «A Comuna» (Porto, 1920). Na Ilha da Madeira surgiu “O Operário”, um órgão anarcossindicalista.
“A Batalha”, logo no dia 29 de Maio de 1926, publicava, em fundo, a indicação ao proletariado organizado de que deveria manter-se «na expectativa» perante o movimento militarista. Era uma resolução contrária às próprias resoluções da CGT e da restante organização, que em sessões comícios, etc., desde há muito vinha preparando-se contra tal movimento. Nesse sentido deliberou o Comité Confederal, reunido nesse mesmo dia, indicar à redacção a conveniência de que a orientação do jornal fosse conforme ao espírito da CGT. O conflito entre o Conselho Confederal da CGT e a redacção de “A Batalha” ainda durou o que fez desorientar o proletariado organizado e este não deu resposta imediata ao golpe militar fascista.
Com a ditadura, a repressão intensifica-se. Em 1933 a censura prévia é legalmente instituída. Os vários jornais anarquistas, incluindo “A Batalha”, passam a ser clandestinos e a ser alvos de perseguições.
De 1973 a 1986, foram lançados como porta-vozes de grupos ou indivíduos cerca de 40 publicações, de entre as quais:
- “O Clarão” (Londres, 1973)
- “Novaporta” (Paris, 1973)
- “Portugal Libertário” (Meaux, 1974)
- “A Ideia” (Paris, 1974)
Dá-se o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e surgiram logo novos jornais. Foi fundada “A Batalha” (Lisboa, 1974) por Emídio Santana e outros velhos militantes. No ano seguinte viram a luz :
- “Voz Anarquista” (Almada)
- “O Pasquim” (Cascais)
- “O Estripador” (Amadora)
Em Lisboa saíram:
- “A Merda” que teve grandes tiragens
- “O Peido”
- “Acção Directa”
Em 1976 editaram-se:
- “Satanás” (Almada)
- “Apoio Mútuo” (Évora)
- “Agitação” (Coimbra)
- “O Chato” (Porto)
Nasceram em 1977:
- “Sabotagem” (Lisboa)
- “Subversão Internacional” (Lisboa)
Seguiram-se-lhes em 1978:
- “Revolta” (Leiria)
- “O Meridional” (Faro)
- “Recortes do Arco da Velha” (Leiria)
Em 1979“Informações e Contactos” (Lisboa).
Em 1985 saiu “Antítese” (Almada).
Em 1986 publicou-se:
- “A Revolta” (Leiria)
- “Maldição” (Coimbra)
- “Pravda” (Coimbra)
Esta lista não contém todas as publicações dessa época, e nem todas as publicações são consideradas por todos anarquistas, mas são ou foram consideradas libertárias.
Nos anos 90 do século XX, editaram-se diversas publicações libertárias (há uma grande variedade ideológica, de conteúdos, e de forma) de entre as quais:
- “A Batalha” (Lisboa)
- “Acção Directa” (Camarate)
- “Anatopia” (Lisboa)
- “Boletim de Informação Anarquista” (Almada)
- “Coice de Mula” (Lisboa)
- “Fysga” (Porto)
- “Inquietação” (Porto)
- “Insurreição” (Porto)
- “O Sal da Ira” (Lisboa)
- “Singularidades” (Lisboa)
- “Tambor” (Paredes)
- “Utopia” (Lisboa)
Actualmente, editam-se várias publicações em papel e têm vindo a surgir várias páginas web e blogues de inspiração anarquista