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General: Viver com sida
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De: ZÉMANEL  (Mensaje original) Enviado: 01/12/2009 18:01

Viver com sida

Cada vez mais, a doença passa despercebida. Mas persiste - e de que maneira: Portugal está no topo europeu da prevalência do VIH. Seguem-se histórias de quem finta a morte. E é discriminado. VEJA A INFOGRAFIA INTERACTIVA

 

Horácio é nome de poeta romano, mas assenta bem a este contemporneo português que também reconhece a brevidade da vida. Aprendeu-a em Angola, logo em 1968, na Guerra Colonial, quando teve de saltar de um jipe emboscado e, olhando à sua volta, verificou que ele e outro camarada eram os únicos sobreviventes de uma secção de nove atiradores. Há 15 anos, reviu a morte. Estava estampada na cara de um médico ao anunciar-lhe que o teste ao vírus da sida dera positivo.

Agora, próximo dos 66 anos, Horácio continua a fintar a maldita. Este alentejano, da zona de Portalegre, de estatura baixa e seca, não se deixou levar. à medida que vai conversando, tira uma das gavetas do pequeno armário de parede, na sua exígua casa - cozinha e quarto - e coloca-a sobre a mesa para mostrar um documento, como se as suas palavras precisassem de ser autenticadas. Volta a pô-la no sítio, para daí a um bocado a ir buscar novamente e pegar noutra prova. É ali que tem arquivada parte da sua vida, incluindo uma caixa de comprimidos de reserva - toma cinco por dia, assistido por uma das operacionais da Associação Ser +, uma ONG de Cascais. Horácio já esteve muito doente, acamado em hospitais. "Mas, graças a Deus, sempre debaixo de médicos. Pensei que morria."

Agora, que se sente bem, está sempre pronto para uma ironia: "Vamos ver se chego ao Natal."

Horácio contraiu a doença depois de enviuvar, não faz bem ideia onde nem com quem. Mas sabe que não usou preservativo nos encontros fortuitos de viúvo solitário. Faz parte de um grupo de pessoas no qual dificilmente se suspeitaria encontrar portadores de VIH. Não é homossexual ou "bi", nem toxicodependente, nem jovem. O seu caso comprova que não há grupos de risco e que a sida está em todo o lado.

Maldito Viagra

Aos olhos de quem, como Fausto Amaro, director do Centro de Estudos da Família do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, estuda o fenómeno há mais de 20 anos, as complicações surgem quando se associa a sida a certos grupos. E exemplifica: "Mais de metade dos infectados tem menos de 35 anos e as pessoas mais velhas tendem a associar o problema aos jovens. Pensam - 'Sou experiente, corro menos riscos'. Não, correm os mesmos que os outros."

A expressão do perigo na faixa etária acima dos 50 anos encontra-se nos últimos números do Instituto Nacional de Saúde: um em cada oito infectados já virou o meio século. Fausto Amaro, que também é da direcção do Centro de Estudos Sócio-Antropológicos da Sida, da Fundação do Bom Sucesso, não dissocia daquele número o chamado "efeito Viagra". Muitos homens mais velhos têm agora, graças aos medicamentos, a possibilidade de uma maior actividade sexual e não se protegem devidamente durante as facadas que dão no matrimónio, levando o perigo para a cama das suas companheiras. Há cerca de dez anos, Fausto Amaro concluiu, num estudo, que 45,5% dos homens entre os 49 e os 50 anos nunca usavam preservativo em situações de parceiros múltiplos.

Em Portugal, o número de infectados tem vindo a diminuir desde o final da década de 1990. Mesmo assim, os 113,3 casos em cada milhão de habitantes (dados de 2008) são tidos como teimosamente elevados, no contexto europeu. E já esta terça-feira, 24, Portugal foi apontado pela ONU e pela Organização Mundial de Saúde como o país da Europa ocidental e central com mais novos casos de infecção. Desde o início da actual década, o principal modo de transmissão é a relação heterossexual, seguida pela injecção de drogas, embora, a partir de 2006, se tenha vindo a verificar um ligeiro aumento da proporção de homossexuais, no conjunto dos portadores do vírus.

O suposto olho clínico

"Ainda prevalece muito a ideia de que o bom aspecto não acarreta riscos", continua Fausto Amaro. Atesta-o outro trabalho da sua equipa, de 2004, em que um terço dos inquiridos respondeu que o risco, ao ter relações sexuais com uma pessoa de aspecto saudável, sem preservativo, é pequeno ou mesmo nulo. "As pessoas acham que têm olho clínico", ironiza Amílcar Soares, presidente da Associação Positivo. E alerta, num tom grave de voz: "As novas terapêuticas permitem um ar muito standard e bom look."

Aos 55 anos, Amílcar sabe do que fala. Afinal, são mais de duas décadas a viver com o vírus dentro do corpo. Com a doença diagnosticada desde 1986, é um típico sobrevivente de longa duração. A sua história é a de quem viu o mundo desabar à sua volta, mas se recusou a baixar os braços. É uma história de desgostos e discriminação, mas também de resistência, de lutas e alegrias, porque o que é preciso é andar para a frente. "Quando o mal está feito e estamos infectados - também não vale a pena perguntar ao nosso parceiro quem infectou quem - há que resolver o assunto." Ao fazer desfiar as recordações arrumadas na gaveta da memória, Amílcar fica com os olhos rasos de água.

Mas a voz não lhe treme quando fala de si e de como ele e Fernando se mantiveram juntos, até à morte do companheiro, em 1994.

A epidemia da marginalização

Se Amílcar admite que sabe muito bem o que andou a fazer, já o mesmo não se pode dizer de Teresa, que, aos 42 anos, mantém uma aparência normal. "Quando se anda à chuva e se aparece molhada, é muito complicado", desabafa. A doença, deve tê-la contraído ainda em Angola, de onde é natural - por via do marido, que morreu na guerra civil, ou de uma transfusão. Está há dez anos em Portugal e, há seis, foi-lhe diagnosticado o VIH.

Ao estigma da cor da pele, que sente sob a forma de olhares nos transportes públicos, acrescentou a doença maldita. Para se defender, só desvendou o seu segredo às filhas e às técnicas da Ser +, que a ajudaram a reorganizar a vida. Andreia Ferreira, coordenadora daquela associação, recebe diariamente queixas. O tratamento preconceituoso ocorre nas instituições públicas e em todas as classes sociais e profissionais, a começar pelos especialistas de Saúde, e até na família. Com a longevidade proporcionada pelos novos medicamentos, há doentes que precisam de ingressar em lares de idosos. Arranjar-lhes um lugar, porém, é uma missão praticamente impossível. "Quando perguntamos se têm vaga, dizem que sim", conta Andreia Ferreira. "Mas quando especificamos que se trata de pessoas seropositivas, fecham-se as portas."

Fausto Amaro corrobora: "A discriminação é outra epidemia." E o caso da angolana Teresa é disso emblemático. Quando lhe foi diagnosticado o vírus, trabalhava em casa de uma médica. E, como lhe tinham recomendado manter os medicamentos no frigorífico, guardou alguns no da patroa, para os poder ter à mão e tomar à hora certa. A médica descobriu-os e identificou-os, num domingo. Na segunda-feira, despediu Teresa, com o pretexto de que a empregada lhe omitira a doença.

De seguida, a angolana conseguiu trabalho num refeitório. Mas quando, em 2007, veio a lume o caso de um cozinheiro despedido de um hotel lisboeta por ser portador do vírus, a empresa para a qual Teresa trabalhava sujeitou os funcionários a análises. O médico da entidade patronal colocou-a perante duas opções: faria o teste e seria impossível manter o segredo ou desistia daquela consulta. Teresa escolheu a segunda hipótese e também desistiu do emprego. "Tive medo de que se soubesse. Ainda por cima, tinha familiares a trabalhar no mesmo sítio." Há 16 meses que está desempregada. Para trás, ficaram os planos para mudar de vida, que incluíam um regresso a Angola.

Mais de um quarto de século depois de, em Portugal, ter sido diagnosticado o primeiro caso, o estigma continua a corroer as relações sociais, laborais e familiares. Por isso, ocultamos o verdadeiro nome da nossa interlocutora angolana. Pelo mesmo motivo, chamámos Horácio ao alentejano com nome de poeta. Até porque o vírus não tem cara. Só vítimas.

Desafio 'Votaria em mim se eu fosse seropositivo?

A pergunta em epígrafe será feita pelo deputado Bernardino Soares (PCP) e pelo presidente da Cmara de Cascais, António Capucho (PSD), numa campanha anti-sida que está a ser preparada pela Associação Ser +. Prevê-se que ocorrerá em Fevereiro o arranque desta iniciativa que foi buscar inspiração a uma campanha feita em França, há dois anos, e que, entre outras figuras de relevo, envolveu os então candidatos às presidenciais - a socialista Ségolène Royal e o conservador Nicolas Sarkozy.



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Respuesta  Mensaje 2 de 2 en el tema 
De: NATY-NATY Enviado: 01/12/2009 20:19

Sida: Doença custa 200 milhões a Portugal

Portugal gasta, por ano, cerca de 200 milhões de euros em despesas relacionadas com o VIH/Sida, referiu o Coordenador Nacional para a Infecção VIH/sida, no final da III Reunião do Conselho Nacional para a Infecção VIH/Sida que ocorreu esta manhã em Lisboa.

Segundo Henrique Barros, “Portugal tem uma factura em torno dos 200 milhões de euros por ano com o VIH/Sida. É muito dinheiro mas um doente tratado tem menos probabilidades de transmitir a infecção”.

De acordo com o Secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, em Portugal “o número de pessoas diagnosticadas com VIH/Sida tem vindo a diminuir de forma consistente, cerca de 10 por cento por ano”. Em 2007 foram diagnosticados 1400 casos, enquanto que em 2008 o número diminuiu para os 1200.

A par do aumento do número de testes de VIH que, actualmente, ronda 1 milhão por ano, tem-se verificado igualmente o “aumento do número de pessoas que estão em tratamento”. Porém, ainda há um longo trabalho pela frente, uma vez que “a incidência da Sida em Portugal é superior aos outros países da Europa”. “É necessário que as pessoas tenham consciência de que os comportamentos de risco conduzem logo à primeira à contracção do vírus da Sida. Cada português tem que ter essa consciência”, concluiu Manuel Pizarro.

 

 



 
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