Vida cotidiana
Aos poucos, os habitantes de origem européia começaram a adotar modos orientais, aprendendo o grego e o árabe.
O reino baseava-se no sistema feudal, à semelhança da Europa à época, embora com diferenças: o modo de produção agrícola continuou a ter muçulmanos ou cristãos ortodoxos à frente, os quais se reportavam nominalmente aos nobres latinos donos das terras; estes, porém, preferiam permanecer nos centros urbanos, em geral, e em Jerusalém, em particular. As comunidades agrícolas eram, portanto, relativamente autônomas e não deviam serviço militar (ao contrário do que ocorria com os vassalos na Europa). Com isso, os exércitos cruzados costumavam ser pequenos e recrutados dentre famílias francesas nas cidades.
O caráter urbano da região e a presença de mercadores italianos fizeram surgir uma economia mais comercial do que agrícola; a Palestina sempre fora um entreposto comercial e, agora, incluía rotas européias.
Como a nobreza preferia residir em Jerusalém (e não nas suas respectivas terras), exercia uma influência grande sobre o rei e formavam a chamada Haute Cour ("alta corte", em francês), uma forma primitiva de parlamento. Dentre as responsabilidades da corte, destacavam-se a confirmação da eleição de um rei, questões financeiras e o recrutamento de exércitos.
O problema da falta de soldados para o exército foi amenizado com a criação das ordens militares. Os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários formaram-se nos primeiros anos do reino. Embora seus quartéis-generais estivessem em Jerusalém, mantinham guarnecidos vastos castelos e adquiriam terras que outros nobres não pudessem mais manter. As ordens militares estavam sob controle direto do papa, não do rei: eram basicamente autônomas e não deviam, em tese, nenhum tipo de serviço militar ao reino, embora na prática participassem de todas as grandes batalhas.