Deixar-te ser assim tão mulher é o meu desejo Mesmo que chores na tristeza o nosso amor. Nas tuas magoas sentidas, na tua grande dor De te poder confortar, eu não perco o ensejo.
Conforto que nos meus braços será sempre maior Quando tuas lágrimas provar, que nos teus olhos vejo E será no mais puro, no mais apaixonado beijo Que das tuas lágrimas sentidas terei o teu sabor.
Deixar-te ser assim tão mulher é o meu querer Encontrando nos teus desabafos a tua alma ferida, A razão dos teus sentires,que para mim quero ter.
Para mim meu amor, serás ainda mais querida Na tua imperfeição que o amor não deixa ver Na perfeição que o amor me mostra em tua vida.
Bordas em filigrana O lenço da saudade Bem sei Ficou manchado de dor E sal e sémen - a seiva do amor Ingeres as palavras murmuradas Porque habitas o lugar da sede Bem sei - são puras na sua pele De seda E sorves mamilos inflados Com a neve túrgida do desejo Bem sei São bocados caídos das estrelas E ardem-te na vela dos dedos Caminhas à rés dos espelhos E o teu olhar precede-te em todos eles Bem sei – são ilusões do tempo Pois partimos e não soubemos Abater os muros da cidade Cravejados por dentro Clamas para ti todo o silêncio Bem sei É a inclinação das tardes No vale aberto do ventre. Entras. Há rosas plantadas em segredo. Bem sei, bem sei, Acabámos de matar o tempo. Agora o corpo ganhou o pó Dos livros já lidos e a dureza Angular dos monumentos.