Gramática - Verbo
As palavras com que afirmamos a existência, uma acção, um estado ou uma qualidade que atribuímos a uma pessoa, a uma coisa ou a um animal chamam-se verbos:
O moinho está na encosta.
O lenço estava na gaveta.
A mulher encheu a vasilha.
O vento move as velas do moinho.
O rapazinho está atento.
A aldeia é bonita.
O vidro é frágil e quebradiço.
A pessoa, coisa ou animal a que se atribui a existência, uma acção ou uma qualidade, chama-se sujeito. E as palavras ligadas pelo verbo para se afirmar a existência, a acção, o estado ou a qualidade atribuída ao sujeito formam a oração gramatical ou proposição.
O sujeito deve ser um substantivo, um pronome, ou outra qualquer palavra ou frase que tenha o valor de um substantivo:
O carpinteiro aplaina a madeira.
Nós fomos passear.
O brincar sem ficar cansado faz bem às crianças.
O saber não ocupa lugar.
Mas é uma conjunção adversativa.
Aquilo que afirmamos do sujeito, ou que atribuímos ao sujeito, chama-se predicado:
João trabalha.
O rei D. Fernando governou durante dezasseis anos.
O leão é carnívoro.
Ela gosta de fruta madura.
Por vezes, os verbos ser, estar, parecer, continuar, permanecer, ficar, aparecer, vir, ir e viver não constituem, por si sós, o predicado. Precisam dum substantivo, adjectivo ou expressão equivalente, que lhes complete a significação. Esse substantivo, adjectivo ou expressão equivalente chama-se predicativo do sujeito, e o verbo que não tem sentido definido e preciso para constituir por si só o predicado chama-se verbo de ligação:
João é carpinteiro.
Minha mãe está contente.
Fernando parece receoso.
Maria continua doente.
António permanece deitado.
O trabalho fica perfeito.
A roda do carro apareceu partida.
As crianças vinham satisfeitas.
Os rapazes iam alegres.
O ancião ainda vive feliz.
Nas orações dadas para exemplo, as palavras carpinteiro, contente, receoso, doente, deitado, perfeito, partida, satisfeitas, alegres e feliz são nome predicativo do sujeito. O predicado é, pois, ou formado por um verbo de sentido definido e preciso (eu leio; tu colheste rosas e cravos; a cabra estragou a videira, etc.), ou por um verbo de sentido indefinido, ou insuficientemente definido, e um nome predicativo (eu sou teimoso; o rato e o coelho são animais roedores, etc.).
Também têm nome predicativo as formas da voz passiva ou as reflexas dos verbos aclamar, chamar, considerar, fazer, julgar, eleger, ter, tornar, e outros:
O mestre de Avis foi aclamado «Defensor do Reino».
D. João V foi chamado «o Magnnimo».
Considero-me feliz.
José era malcriado, mas fez-se um rapazinho delicado.
Foi julgado inimputável pelo juiz.
O médico foi eleito presidente da Direcção.
Manuel é tido por sabichão.
O teu trabalho é reputado perfeito.
Nas proposições de resposta não é preciso que se encontre o predicado:
Compraste o lápis? Não ( — não comprei o lápis).
Encontraste meu irmão? Sim ( — sim, encontrei teu irmão).
Em muitos provérbios que constituem proposições também o predicado é expresso por simples nomes, omitindo-se o verbo, como se vê do exemplo seguinte:
Cada terra seu uso, cada roca seu fuso, isto é: cada terra (tem) seu uso, cada roca (tem) seu fuso.
Os elementos principais da oração gramatical são o sujeito e o predicado.