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Abel de Lima Salazar (Guimarães, 19 de Julho de 1889 - Lisboa, 29 de Dezembro de 1946) foi um médico, professor, investigador, pintor e resistente ao regime salazarista português que trabalhou e viveu no Porto.
As suas obras artísticas, com referências sociais, antecipam o movimento neo-realista na pintura portuguesa. O reputado Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto presta-lhe homenagem, não existindo qualquer parentesco com António de Oliveira Salazar, o ditador português.
Em 1909 Abel Salazar entra na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e em 1915 conclui o curso de Medicina apresentando a sua tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” que acaba classificada com 20 valores.[1]
Com 30 anos - em 1918 - é nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, acabando por fundar e dirigir o Instituto de Histologia e Embriologia da universidade, um modesto centro de estudos.[2]
Como investigador, contribuiu, nomeadamente, com trabalhos relativos à estrutura e evolução do ovário acabando por criar o agora célebre, e ainda utilizado, método de coloração tano-férrico de Salazar.[3]
Entre 1919 e 1925 o seu trabalho torna-se internacionalmente conhecido e publicado em várias revistas científicas internacionais, participando em numerosos congressos no estrangeiro. Em 1921, casa-se com Zélia de Barros de quem não teve filhos.
Em 1928, ao fim de 10 anos de trabalho profícuo em condições adversas como vem proclamando sistematicamente, Abel Salazar sofre um esgotamento e interrompe a sua actividade durante quatro anos para se tratar.[2]
Em 1931 regressa à faculdade mas encontra já o seu gabinete desmantelado e o instituto que fundara encontrava-se praticamente ao abandono e desprovido da biblioteca, entretanto absorvida por Anatomia. Nos anos que se seguiram ao reinício da vida activa, reconstruiu o laboratório e prosseguiu o trabalho nas suas diversas áreas de interesse, tais como a Ciência, a Arte e a Filosofia.[4]
Em 1935 é afastado da sua cátedra, do laboratório, é proibido de frequentar a biblioteca e de ausentar-se do País pela Portaria de 5 de Junho desse ano, dada "a influência deletéria da sua acção pedagógica sobre a mocidade universitária". Nesta mesma portaria foram expulsos também outros professores universitários, tais como Aurélio Quintanilha, Manuel Rodrigues Lapa, Sílvio Lima e Norton de Matos.[4]
Com o seu afastamento forçado da vida académica, Abel Salazar desenvolve em sua casa uma produção artística variada: gravura, pintura mural, pintura a óleo de paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados, muitos hoje expostos na Casa-Museu Abel Salazar.[2]