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Delfim Santos |
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DELFIM SANTOS |
Nome completo |
Delfim Pinto dos Santos. |
Nascimento |
6 de novembro de 1907 Freguesia da Sé, Porto, Portugal. |
Morte |
25 de Setembro de 1966 (58 anos) Cascais, Portugal. |
Nacionalidade |
Português. |
Ocupação |
Professor. |
Gênero literário |
Ensaio, conferência. |
Movimento literário |
Presença. |
Magnum opus |
Fundamentação Existencial da Pedagogia, Lisboa, 1946. |
Escola/tradição |
Ontofenomenologia · Antropologia Filosófica. |
Principais interesses |
Epistemologia · Ética · História do pensamento filosófico em Portugal e no Brasil. |
Idéias notáveis |
Diferentes regiões da realidade requerem diferentes métodos para o seu estudo · Filosofia e ciências exatas não partilham nem métodos nem objetos. |
Cargo |
Foi o primeiro Professor Titular ('Catedrático') de Pedagogia em Portugal e o primeiro Diretor do Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Gulbenkian, criado por sua proposta. |
Cônjuge |
Manuela de Sousa Marques. |
Filho(s) |
4 |
Influências |
Nicolai Hartmann, Martin Heidegger. |
Conhecido(a) por |
Estudou em Viena e em Cambridge o Neopositivismo, que foi o primeiro a apresentar ao público de língua portuguesa; foi também pioneiro na discussão dos temas do existencialismo e da ontofenomenologia de Nicolai Hartmann, com quem estudou na Alemanha. |
Assinatura |
Assinatura de Delfim Santos |
Página oficial: |
http://www.delfimsantos.org/ |
Delfim Pinto dos Santos (n. Porto, 1907 — Cascais, 1966), filósofo, pedagogo e professor universitário português, também autor de crítica literária e de cinema.
Delfim Santos nasceu no Porto em 1907. A partir dos onze anos começou a trabalhar na oficina de ourivesaria de seu pai, Arnaldo Pinto. Pouco após a morte deste, ocorrida em 1922, quando o filho tinha apenas 15 anos, compreendeu que a sua vocação seria o estudo e inscreveu-se no curso liceal noturno, concluindo em 1927 o Curso Complementar de Ciências, e depois o de Letras. Por essa altura foi um participante ativo nas atividades culturais e desportivas da Associação Cristã da Mocidade (ACM), de caráter protestante. Licenciou-se em 1931 em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi aluno de Leonardo Coimbra, de quem se tornou amigo e admirador, embora não discípulo do filósofo do Criacionismo. Teve como outros professores Luís Cardim, Teixeira Rego, Newton de Macedo e Aarão de Lacerda e foram seus condiscípulos Álvaro Ribeiro, Agostinho da Silva, Adolfo Casais Monteiro e José Marinho, entre outros. Após o curso iniciou estágio no Liceu José Falcão, de Coimbra (1931-32), interrompendo no ano letivo seguinte para completar as cadeiras pedagógicas na Universidade de Coimbra e concluindo já depois em Lisboa no Liceu Normal de Lisboa (Pedro Nunes) (1933-1934), onde em julho de 1934 fez o 'Exame de Estado'. Prosseguiu a carreira como professor associado no Liceu Gil Vicente (1934-35).
Em outubro de 1935 partiu para Viena por dois anos como bolseiro (bolsista) do Instituto de Alta Cultura para estudar com os filósofos Moritz Schlick, Karl Bühler e Othmar Spann, tendo participado dos seminários do Círculo de Viena sobre cuja filosofia, o Neopositivismo, escreveu uma obra de crítica intitulada Situação Valorativa do Positivismo que apresentou como relatório final de bolsa de estudo ao IAC. No semestre de Inverno de 1936 partiu para Berlim para um primeiro contato com Nicolai Hartmann e com Eduard Spranger, seguindo depois para o University College de Londres em 1937 para estudar com John Macmurray, e ainda para o Trinity College (Cambridge), onde existiam fortes ligações ao Círculo de Viena, e onde trabalhou com Charlie Dunbar Broad[1] e com George Edward Moore; este último seria substituído em 1939 pelo membro do círculo vienense Ludwig Wittgenstein[2].
Em 1937 regressou a Portugal, para logo partir de novo para a Alemanha como leitor de língua portuguesa na Universidade de Berlim. Aí frequentou os seminários de Nicolai Hartmann e visitou Friburgo com o objetivo de conhecer o pensamento de Martin Heidegger, de cuja obra se tornou atento comentador. Recebeu em 1940 o grau de Doutor pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra com uma dissertação sobre Conhecimento e Realidade, voltando novamente para Berlim até 1942, data em que regressou definitivamente a Portugal.
Em 1946 concorre a Professor Extraordinário da Secção de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a dissertação Fundamentação Existencial da Pedagogia, e em 1950 tornou-se o primeiro Professor Catedrático de Pedagogia em Portugal. Regeu as cadeiras de História da Educação, Organização e Administração Escolar, Moral, e História da Filosofia Antiga (1943-47), bem como o curso de Pedagogia e Didática desde 1948. Também foi professor de Psicologia e Sociologia no Instituto de Altos Estudos Militares em diversos anos letivos entre 1955 e 1962.
Participou em numerosos congressos internacionais de filosofia na Europa e em 1949 integrou a delegação portuguesa ao Congresso Nacional de Filosofia em Mendoza, Argentina; com outros intelectuais portugueses tomou parte em 1954 nas comemorações do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo.
Em 1962, fez uma proposta à Fundação Calouste Gulbenkian para criar o Centro de Estudos Pedagógicos dessa Fundação, e tornou-se o seu diretor desde 1963 até à sua morte ocorrida em 1966.
Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa, e em sua homenagem o seu nome foi atribuído a uma escola em Lisboa e a diversas ruas em Portugal, nomeadamente em Lisboa (Telheiras), na Outorela (Carnaxide), em Évora e em Custóias (Matosinhos).
A quase totalidade da sua obra filosófica, pedagógica, crítica e epistolar de DS foi publicada em quatro volumes pela Fundação Calouste Gulbenkian, abrangendo desde temas essencialmente filosóficos e pedagógicos a outros de cultura e de atualidade que refletem as preocupações do seu tempo.
Destacam-se seguintes estudos:
- Situação Valorativa do Positivismo (1938).
- Da Filosofia (1940).
- Conhecimento e Realidade (1940).
- Fundamentação Existencial da Pedagogia (1946).
- O Pensamento Filosófico em Portugal (1946).
Sensível ao valor pedagógico do cinema e às suas potencialidades didáticas, DS dedicou comentários e palestras a vários filmes, entre eles O Filho Pródigo (Luis Trenker, Alemanha 1934), O Terceiro Homem (Carol Reed, USA 1949) e Umberto D. (Vittorio de Sica, Itália 1952).
Alguns artigos e cartas de Delfim Santos encontram-se online:
[editar] Principais temas
A vertente filosófica da sua obra percorre a análise, a crítica, a exposição e a divulgação de pensadores europeus antigos e contemporneos, com especial incidência na filosofia alemã do séc. XX. Aproximou-se da ontofenomenologia de Nicolai Hartmann, seu orientador de pesquisa em Berlim, aderindo resolutamente a uma "filosofia dos problemas", aporética, e não à dos sistemas e soluções, e a uma concepção plural do universo ('pluriverso'), sendo essa pluralidade do real divisível em diferentes 'regiões'.
Também se ocupou da história do pensamento filosófico português e do brasileiro, nomeadamente da obra de Silvestre Pinheiro Ferreira, (1769-1846), e criou fortes laços com o Brasil, sobretudo com os pensadores da Escola de São Paulo: Miguel Reale, Vicente Ferreira da Silva e Luís Washington Vita.
Procurando uma síntese 'existencial' entre Filosofia e Pedagogia, desenvolveu um importante trabalho de atualização e de renovação do pensamento pedagógico português com várias propostas de orgnica escolar e curricular para todos os graus, desde o jardim de infncia à universidade. Foram credoras de especial reflexão na sua obra as questões do ensino técnico-profissional, da orientação vocacional e da relevncia da caracterologia para a educação; no domínio da História da Educação publicou estudos sobre a paideia grega e sobre os educadores estrangeiros Pestalozzi e Maria Montessori, e o português Adolpho Coelho, entre outros.
No domínio literário foi colaborador doutrinário do grupo da revista Presença e manteve contato pessoal e epistolar com o escritor alemão Hermann Hesse (Prêmio Nobel da Literatura de 1946) em cuja obra se reflete a problemática educativa, sendo por sua iniciativa que em 1952 se publicou em Lisboa a primeira tradução portuguesa de Hesse, a novela Ele e o Outro (Klein und Wagner), com tradução de Manuela de Sousa Marques.[3].