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D. Isaac ben Judah ou Yitzchak ben Yehuda Abravanel (Hebraico: יצחק בן יהודה אברבנאל) foi um estadista judeu, um filósofo [1] , comentador da Bíblia e financista. Foi um descendente da família Abravanel e antepassado de Senor Abravanel, melhor conhecido como Silvio Santos. Em várias obras ele é referido apenas pelo seu apelido, que por vezes surge como Abravanel, Abarbanel, ou Abrabanel. Muitos estudiosos da Torá e do Talmude referem-se a ele simplesmente como "O Abarbanel".
Nasceu em Lisboa, em 1437. Faleceu em Veneza em 1508 e foi enterrado em Pádua.
A família Abravanel é uma das mais antigas e distintas famílias judaicas sefarditas; cuja ascendência directa tem origem no Rei David bíblico. Membros desta família viveram em Sevilha, onde viveu o seu representante mais velho, Judá Abravanel.
[editar] Notas biográficas
Brasão da família Abravanel
Abravanel foi aluno de Joseph Hayyim, rabino de Lisboa. Versado em literatura rabínica e nos estudos do seu tempo, ele devotou os seus jovens anos ao estudo da filosofia judaica. Com apenas 20 anos de idade ele escreveu sobre a forma original dos elementos naturais, sobre questões religiosas, sobre profecias, etc. As suas capacidades na política também lhe valeram a atenção de terceiros mesmo ainda na juventude. Entrou para o serviço do rei Afonso V de Portugal como tesoureiro e em breve ganhou a confiança do seu mestre.
Não obstante a sua alta posição e grande riqueza que ele herdou do seu pai, o seu amor pelos pobres e oprimidos era notável. Quando Arzila, em Marrocos, foi tomada pelos portugueses e os prisioneiros judeus foram vendidos como escravos, ele contribuiu largamente com os fundos necessários para os libertar e organizou também colectas em seu favor por todo Portugal. Também escreveu ao seu rico e influente amigo Jehiel de Pisa, em apelo pelos presos.
Após a morte do Rei D. Afonso V, foi obrigado a deixar o seu cargo, tendo sido acusado pelo Rei D. João II de conivência com o Duque de Bragança, que tinha sido executado sob acusação de conspiração. Avisado a tempo, Abravanel salvou-se, fugindo em sobressalto para Castela em 1483. A sua grande fortuna foi confiscada por decreto real.
Em Toledo, sua nova residência, ele ocupou-se inicialmente com estudos bíblicos, e no decorrer de 6 meses produziu uma grande quantidade de comentários aos livros de Josué, Juízes e Samuel. Mas pouco depois ele começou a servir a casa de Castela. Juntamente com o seu amigo, o influente Don Abraham Senior, de Segóvia, ele encarregou-se de administrar as receitas e fornecer abastecimentos ao exército real, com contratos que ele executou bem, para satisfação total de Isabel de Castela.
Durante as Guerras mouriscas, Abravanel emprestou somas avultadas de dinheiro ao governo. Quando foi decretada a expulsão dos Judeus de Espanha, ele tentou por todos os meios convencer o rei a revogar o édito. Em vão, ele ofereceu-lhe 30.000 ducados. Também costumam atribuir a ele um texto que ficou conhecido como A resposta de D. Abravanel ao Decreto de Alhambra. Porém a origem real deste documento encontra-se numa obra de ficção publicada em 1988, intitulada Alhambra Decree do autor David Raphael. Com os seus companheiros de fé, Abravanel deixou a Espanha para ir viver para Nápoles, onde em breve entraria para os serviços do rei. Por um periodo curto, ele viveu em paz, mas quando a cidade foi tomada pelos franceses, ele foi roubado de todas as suas possessões e seguiu o seu rei Fernando, em 1495, para Messina; e mais tarde para Corfu; e em 1496 instalou-se em Monopoli, e finalmente em 1503 em Veneza, onde os seus serviços foram empregues na negociação de um tratado comercial entre Portugal e a República de Veneza.