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Eu quero sair correndo pela floresta Para me reunir à matilha
Eu quero poder dançar em volta da grande fogueira E entoar cntigos antigos
Quero poder ver fora o que já encontrei dentro de mim.
Olivia Frade Zambone
DOMÍNIOS
Já tentaram me dominar de vários modos.
Já tentaram domar as minhas mãos, com esmaltes brancos, francesinhas e florzinhas.
Já tentaram domar os meus cachos, com escovas, chapas e mechas californianas.
Já tentaram domar os meus seios, dizendo que eram grandes, caídos, desproporcionais.
Já tentaram domar o meu ventre, com lipos, plásticas e abdominais.
Já tentaram domar o meu sexo, ordenando-me como fazer, com quem e quando.
Tentaram então controlar meus pensamentos, dizendo-os impuros, imprópios, impertinentes.
Não satisfeitos, disseram que era errado ser mulher. Que a mostra maior do poder feminino era vermelha demais, suja demais, demorava demais. dava cncer.
Forçaram-me a acreditar em algo sem sentido, a ter fé em ser fálico, masculino, diferente de mim.
Colocaram-me numa fôrma e disseram: trabalhe desse jeito aja desse jeito seja desse jeito....
Ora, deixem-me!
Eu faço o que quero trabalho como quero me visto como quero vou aonde quero transo com quem quero amo quem quero penso o que quero falo o que quero sou o que quero!
Não me venha com frases-feitas, provérbios antigos, pensamentos estagnados dogmas inabaláveis piadas de mau gosto diminuindo o meu gênero.
Sou fogo e água, antiga e jovem Venho do Norte, trazida pelos ventos do Sul Minha vida é a eterna dança no caldeirão de possibilidades que criei para mim mesma.
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